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quarta-feira, 23 de junho de 2010

RESTRIÇÃO CALÓRICA e OBESIDADE (1)

A obesidade é um problema tão complexo que a ciência está debruçada sobre ela há décadas e pouco foi oferecido para seu controle, tanto na área farmacológica como na bio-genética. Adaptados que estamos há milhões de anos, somos (como os demais mamíferos!) máquinas super eficientes na transformação do excesso calórico - convergente para acetil Coenzima "A" - em cadeias graxas carbônicas longas conjugadas com glicerol.
Trocando em míudos: moléculas de acetil Coenzima "A" excedentes vão para formação dos triglicerídeos, a forma de armazenamento da gordura nos adipócitos.
Como a oferta de acetil Coenzima "A" é muito grande em nossa vida moderna, proveniente em especial dos carbohidratos refinados (sacarose, por exemplo), o resultado é o que se vê: UMA PANDEMIA OBESA, que assusta os governos e os cientistas. O índice de obesidade infantil, por exemplo, toma proporções assustadoras nos EUA, aproximando-se da casa dos 30%. Não é difícil explicar essa pandemia obesa, difícil é obter formas terapêuticas de controle.
As explicações para tanta obesidade são várias:

  • Genética: as pessoas não nascem com a mesma proporção de adipócitos. Os que nascem com maior quantidade dessas células ou as formam em grande quantidade por diferenciação de outras células, serão candidatos à obesidade com mais facilidade.
  • Metabolismo: a taxa de "queima de gordura" ou beta-oxidação dos lipídios, varia enormemente entre as pessoas. Esse processo, a beta oxidação, é um dos mais complexos do organismo, envolvendo enzimas desaturases, hidratases, lipases que preparam e realizam dezenas de passos químicos para transformar um ácido graxo de 18 carbonos em 9 moles de acetil Coenzima "A".
  • Sedentarismo: em menos de 200 anos - o que não é nada para a evolução - o ser humano reduziu sua atividade física de forma drástica. Mantendo e aumentado a ingestão calórica, criou um ciclo vicioso para acumular gordura no corpo.
  • Alimentação: também em menos de 200 anos a tecnologia passou a oferecer açúcar refinado a preços tão baixos e numa oferta avassaladora, criando uma pressão de consumo absurda nos tempos modernos. Além disso, a industrialização de massas de todos os tipos, a vitória da "fast food & pizza", além de bebidas açucaradas (refrigerantes) em larga escala consolidam esse fenômeno desastroso para a saúde.
Existem muitos outros aspectos para serem abordados nesse assunto, mais pretendo desenvolvê-los na sequência das outras matérias.
Entretanto, para despertar ou manter o interesse de vocês gostaria de começar a discutir sobre a restrição calórica. Não existem dúvidas de que a redução no consumo de calorias aumenta a longevidade e - o que é mais importante - a qualidade dessa longevidade. Isto está comprovado nos seres vivos testados, desde unicelulares (fungos) até roedores, mamíferos e mamíferos primatas. No homem também parece não haver mais dúvidas a esse respeito. As discussões sobre que níveis de redução calórica são seguros (sem afetar o funcionamento dos sistemas orgânicos) ainda estão em curso. Estima-se que as pessoas estejam ingerindo entre 3 a 4 mil kcal por dia nesta pandemia obesa. Níveis abaixo de 1.500kcal/dia no homem são considerados como restrição calórica. Entretanto idosos podem apresentar problemas imunológicas com restrições muito contundentes (<1.000kcal/dia).
Enquanto a discussão prossegue, alguns pesquisadores", meio que por acaso, descobriram que algumas substâncias encontradas nos vegetais podem SIMULAR o estado de restrição calórica, "enganando" o metabolismo e forçando o corpo a consumir a gordura acumulada, mesmo sem uma demanda fisiológica para tal, como o exercício. Esses produtos ou fitocompostos foram denominados de MIMÉTICOS DA RESTRIÇÃO CALÓRICA. Estudos efetuados com alguns deles, o principal até agora é o RESVERATROL, mostram que os animais avaliados conseguiram se livrar de boa parte da gordura acumulada. Outros como a QUERCETINA e os POLIFENÓLICOS da Camellia sinensis também estão demonstrando efeito semelhante. Alguns deles mostraram, inclusive, estimular a morte de adipócitos pela via natural, a apoptose.
Nas próximas matérias vou falar sobre o uso experimental desse produtos em humanos e as possibilidades futuras - estimulação das proteínas mensageiras sirtuins - e presentes de seu uso no controle do acúmulo da gordura corporal. Mas, sem ilusões desnecessárias, a manutenção de estados sedentários poderá colocar tudo a perder, até os mais eficientes MIMÉTICOS DA RESTRIÇÃO CALÓRICA.
Até breve!