Pesquisar no blog

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

E VAMOS AOS COGUMELOS...

No século XIX já se relatava os efeitos benéficos dos cogumelos sobre a saúde. Na época, sob a ausência de pesquisas científicas consistentes, os efeitos eram descritos como "tonificantes", expressão mais ampla de "causador de bem estar".
A partir de 1964 começaram a ser publicados os artigos científicos relativos às pesquisas com cogumelos comestíveis - neste artigo pioneiro a espécie estudada foi Grifola umbelatta, à qual foi atribuída marcante propriedade diurética. Este cogumelo é um parente muito próximo da Grifola frondosa, o popular MAITAKE, porém a variedade G. umbelatta é bem mais difícil de ser encontrada livremente.
Efetivamente 20 anos após, estudos com MAITAKE começaram a sedimentar conclusões surpreendentes sobre a ação deste cogumelo no sistema imunológico e no bloqueio de culturas de células cancerosas. O volume de pesquisas com o gênereo Grifola está atingindo este ano 200 publicações, o que não é pouco, considerando que, na grande maioria, são pesquisas sem financiamento privado. Devido a sua cultura e hábitos alimentares, os países asiáticos são os que mais se dedicaram às pesquisas com cogumelos, especialmente Japão, China e Coréias.

Mas vamos ao que os cientistas já descobriram sobre a Grifola frondosa:
  • Em 1984 Suzuki e colegas (1) tiveram o mérito de serem pioneiros no isolamento de fração polissacarídica do MAITAKE, mostrando a ação anticancerígena evidente nas culturas de células de sarcoma - um tipo de câncer que se aloja em músculos e ossos. O artigo causou grande impacto no meio científico e estimulou dezenas de outras pesquisas sobre o mesmo assunto.
  • No ano seguinte a mesma equipe confirmou seus achados, agora in vivo (animais de laboratório), e formalizou a hipótese de que a fração polissacarídica do MAITAKE exercia ação estimuladora sobre a resposta imunológica contra o câncer.
  • Daí para frente outras equipes entraram na corrida para descoberta e consolidação das propriedades medicinais da Grifola frondosa, com diversos pesquisadores renomados no Japão: Ohno, Iino, Oikawa, Sato, Miyazaki, Yadomae, Takeyama, Adachi, Nanba, Kuroda, Hamaguchi e muitos outros.
  • Logo em 1987 Nanba, Hamaguchi e Kuroda publicavam artigo elucidando a estrutura química do principal componente da fração polissacarídea ativa: a 1,3 beta glucana. Isto após as descobertas de Ohno e colegas (2) .
  • Outros assuntos foram tema de pesquisa com a G. frondosa (por exemplo, a ação antihipertensiva), mas a predominância nestes últimos 30 anos foram as pesquisas anticâncer e sobre o efeito imunoestimulante das glucanas presentes em sua composição. Hoje, a meu ver, não restam mais dúvidas sobre os benefícios que este cogumelo pode trazer para a saúde, especialmente aumentando a nossa capacitação para a resposta imunológica.
  • Segundo diversos autores, isso ocorre devido à capacidade dos polissacarídeos (glucanas) de simular ou fingirem ser ANTÍGENOS (substâncias que exigem nossa resposta de defesa). Porém, diferentemente dos verdadeiros antígenos, as GLUCANAS não exercem nenhum efeito nocivo para nós. Para exemplificar um antígeno poderoso podemos citar a peçonha de cobras.
  • Assim, as GLUCANAS seriam um tipo de LUTADOR DE TREINOS, aquele que o competidor contrata para lutar em preparação para as verdadeiras competições. Ele luta com o competidor, mas sem o objetivo de macucá-lo ou incapacitá-lo para as lutas futuras. Dessa forma, os polissacarídeos ativam sistemas de defesa, especialmente a chamada imunidade humoral (anticorpos).
  • Tudo isso já foi bastante estudado em centenas de pesquisas que se ratificam mutuamente. O que gostaria de chamar atenção neste momento é a recém descoberta que foi realizada sobre um NOVO COMPONENTE dos cogumelos comestíveis, denominado ERGOTHIONEINE (EGTH).

  • Um artigo publicado por Keith Martin no Journal of Medical Food (3) aponta aspectos muitíssimo importantes com esse poderoso antioxidante ESTÁVEL e sulfurado (sempre o enxôfre). Os testes contra proteínas aterogênicas que provocam as doenças obstrutivas (infarto, AVC e Cia Ltda) mostraram uma surpreendente ação inibitória do EGTH, ou seja, o composto dos cogumelos inibe a expressão das proteínas que causam as doenças cardiovasculares!
  • Alguns gráficos publicados por Martin mostram uma surpreendente ação nesse sentido, superiores (incrível!) a de outros antioxidantes como vitamina E, bioflavonóides e carotenóides!

  • Para completar e tornar mais importante ainda essa descoberta, outro grupo de cientistas liderados por Yamashita (4), quase simultanemente, identificou um análogo da EGTH contendo o mineral SELÊNIO, ao qual chamaram SELENONEINE. Este seleno-composto foi identificado em peixes como o atum e está sendo apontado pelos autores da descoberta com o mais potente composto antioxidante do selênio, devido à singular estrutura cetônica e as características de bi-solubilidade, aspecto que o L-Glutathione não exibe marcantemente.
  • É lógico que essa descoberta reforça ainda mais as recomendações médicas para aumento da ingestão de pescado na dieta, mas que tal darmos asas à criatividade? E pedirmos ao gourmet um prato de peixe aos 4 cogumelos (G. umbelatta, G. frondosa, P. ostreatus e L. edodes), na ordem: grifola, maitake, shimeji e shitake.
  • Além dos alimentos, estão disponíveis extratos farmacêuticos de Grifola frondosa padronizados para uso em cápsulas. Doses de 0,5 a 1,0g duas vezes ao dia são adequadas.
  • E que venham os inimigos, exógenos ou endógenos...
  • Nota: sobre o pescado, eu só gostaria de saber porque tantas pesquisas mostram cada vez mais a presença de mercúrio em sua carne. Do jeito que está aparecendo, não pode ser só despejo industrial e contaminação. Não seria importante fazer uma prospecção de HgCl, HgCl2 e HgS em diferentes regiões e oceanos? Quem sabe não descobrimos áreas onde mercúrio pode ser jazida mesmo... Sei não, mas isso é papo para outro artigo, né?
  • Se quiser vai dando uma olhada aí (Hg) , mas já posso adiantar que não sou eu somente que anda pensando nisto não... (5) . Se quiser veja este também: (6).
Abraços aos amigos e ex-alunos!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pesquisas com Fruta Chinesa Surpreendem

Lycium barbarum: os relevantes resultados das pesquisas médicas com esta fruta chinesa – mais de 120 publicações em dez anos – especialmente nos dois últimos anos, chamaram a atenção dos cientistas em vários países. Conhecida em seu país de origem como Gou Qi Zi  e internacionalmente como Goji Berry, suas propriedades medicinais relevantes estão sendo reconhecidas e exploradas, especialmente nas áreas:


CÂNCER: referências 2,12, 13, 14, 15, 16

 ESTEATOSE HEPÁTICA ALCOÓLICA:  referências 25, 26,27

DOENÇAS NEUROLÓGICAS: referências 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,12

Composição: complexos polissacarídeo-protéicos, alto teor de vitamina C e seu complexo ativo (AA–2bG), além de aminoácidos essenciais.


Pesquisas:
 NEUROLOGIA: um dos estudos mais recentes (link 1) demonstrou as propriedades antinflamatórias do Lycium barbarum na redução de neuromas pós traumáticos, em animais – nesta pesquisa a redução dos neuroblastomas nos animais tratados foi de 50%.
Outras pesquisas importantes realizadas na área de neurologia mostraram que os ativos do Lycium barbarum participam da neurogênese e são benéficos em processos neurodegenerativos, além de protegerem contra neurotoxicidade de produtos como homocisteína e peptídeo b-amilóide (3-12); (link 3)


 ESTEATOSE: provavelmente a pesquisa que tem mais se destacado foi publicada agora em março (25), avaliando a proteção hepática promovida pelo Lycium barbarum em animais com intoxicação induzida por álcool. Na conclusão, os pesquisadores relatam que o Lycium protegeu contra a peroxidação lipídica e esteatose hepática. Outros estudos corroboram tais achados (26-27).


 CÂNCER: Com relação à atividade anti-câncer estão publicados numerosos estudos demonstrando eficiência anticancerígena de Lycium barbarum. Entre os mais significativos estão os estudos de Zhang (13) e Luo (14) que evidenciaram componentes do Lycium fortemente inibitórios da proliferação neoplásica. Zhang, trabalhando com células em cultura (câncer cervical), descobriu um ativo derivado da vitamina C no extrato da planta, o D-Glucopiranosil; L-Ácido Ascórbico (AA–2bG). De forma surpreendente, os pesquisadores descobriram que AA–2bG não só é citotóxico contra as células cancerígenas (HELA), como também desencadeia a apoptose nestas células. Diversos estudos consolidam esta descoberta (2, 12-16).


 IMUNOLOGIA: este é, sem dúvida, o campo mais fértil de pesquisas com o Lycium barbarum, uma vez que sua composição rica em polissacarídeos exerce forte estimulação sobre o sistema imunológico. Zhang e Zhou publicaram um estudo (link 2) bem recente cuja importância está sendo imediatamente reconhecida. Neste estudo os cientistas testaram a atividade de macrófagos, células “T” e células “B”, concluindo que o maior efeito imunoestimulante do complexo polissacarídeo-protéico foi sobre os macrófagos em cultura. Mais estudos confirmam as ações imunoestimulante e imunomoduladora (28-30).


 ESTUDOS COM HUMANOS: Amagase & cols publicaram 3 estudos clínicos com Lycium barbarum nos quais observaram efeitos positivos da planta sobre a performance neurológica-cogninitiva e as funções gastrintestinais (31), sobre o sistema imune (32) e no controle dos radicais livres (33).
Enquanto escrevia este artigo, na atualização da PubMed mais um artigo ratificando a importância da descoberta do AA-2bG, um derivado da vitamina C que já começa a despertar o interessa para a confecção de novos fármacos anticancerígenos e neuroregeneradores. Vale a pena conferir no link (link AA-2bG) para ficar antenado!
 
Estão disponíveis nas farmácias magistrais extratos secos dos frutos de Lycium barbarum para uso como suplemento nutracêutico, especialmente objetivando melhoria de condições como esteatose hepática e nas síndromes neuropáticas. As doses variam entre 250 e 500mg, duas vezes ao dia, em cápsulas.

Abraços aos amigos e ex-alunos!
 
Referências bibliográficas:
1. Effects of lycium barbarum polysaccharide on formation of traumatic neuroma and pain after transection of sciatic nerve in rats. Fan H & cols – Zhongguo Xiu Fu Chong Jian Wai Ke Za Zhi, 2010 Nov, 24(11):1298-1301.
2. Macrophages, rather than T and B cells are principal immunostimulatory target cells of Lycium barbarum L. polysaccharide LBPF4-OL. Zhang XR & cols – J Ethnopharmacol, 2011 Apr 28.
3. Effect of Lycium barbarum polysaccharides on neurogenesis and learning & memory in manganese poisoning mice. Wen J, Yang BN, Ren D – Zhongguo Zhong Xi Yi Jie He Za Zhi, 2010 Mar, 30(3):295-298.
4. Lycium barbarum polysaccharides reduce neuronal damage, blood-retinal barrier disruption and oxidative stress in retinal ischemia/reperfusion injury. Li SY & cols – PLoS One, 2011 Jan, 6(1):e16380.
5. Up-regulation of crystallins is involved in the neuroprotective effect of wolfberry on survival of retinal ganglion cells in rat ocular hypertension model. Chiu K & cols – J Cell Biochem, 2010 May, 110(2):311-320.
6. Neuroprotective Effects of Polysaccharides from Wolfberry, the Fruits of Lycium barbarum, Against Homocysteine-induced Toxicity in Rat Cortical Neurons. Ho YS & cols – J Alzheimers Dis, 2009 Nov. 
7. Polysaccharide-protein complex from Lycium barbarum L. is a novel stimulus of dendritic cell immunogenicity. Chen Z, Lu J, Srinivasan N, Tan BK, Chan SH – J Immunol, 2009 Mar, 182(6):3503-3509.
8. Polysaccharides from wolfberry antagonizes glutamate excitotoxicity in rat cortical neurons. Ho YS, Yu MS, Yik SY, So KF, Yuen WH, Chang RC – Cell Mol Neurobiol, 2009 Dec, 29(8):1233-1244.
9. Modulation of microglia by Wolfberry on the survival of retinal ganglion cells in a rat ocular hypertension model. Chiu K & cols – J Ocul Biol Dis Infor, 2009 Jun, 2(2):47-56.
10. Characterization of the effects of anti-aging medicine Fructus lycii on beta-amyloid peptide neurotoxicity. Yu MS, Lai CS, Ho YS, Zee SY, So KF, Yuen WH, Chang RC – Int J Mol Med, 2007 Aug, 20(2):261-268.
11. Characterizing the neuroprotective effects of alkaline extract of Lycium barbarum on beta-amyloid peptide neurotoxicity. Ho YS, Yu MS, Lai CS, So KF, Yuen WH, Chang RC – Brain Res, 2007 Jul, 1158:123-134.
12. Stimulation by Lycium bararum polysaccharides of the maturation of dendritic cells in murine bone marrow. Zhu J, Zhao LH, Chen Z – Zhejiang Da Xue Xue Bao Yi Xue Ban, 2006 Nov, 35(6):648-652.
13. Selective suppression of cervical cancer Hela cells by 2-O-β-D: glucopyranosyl-L -ascorbic acid isolated from the fruit of Lycium barbarum L. Zhang Z & cols – Cell Biol Toxicol, 2011 Apr, 27(2):107-121.
14. Lycium barbarum polysaccharides induce apoptosis in human prostate cancer cells and inhibits prostate cancer growth in a xenograft mouse model of human prostate cancer. Luo Q & cols – J Med Food, 2009 Aug,12(4):695-703.
15. Growth inhibition and cell-cycle arrest of human gastric cancer cells by Lycium barbarum polysaccharide. Miao Y, Xiao B, Jiang Z, Guo Y, Mao F, Zhao J, Huang X, Guo J – Med Oncol, 2010 Sep, 27(3):785-790.
16. Lycium barbarum inhibits growth of estrogen receptor positive human breast cancer cells by favorably altering estradiol metabolism. Li G, Sepkovic DW, Bradlow HL, Telang NT, Wong GY – Nutr Cancer, 2009, 61(3):408-414.
17. Lycium (Lycium barbarum). Cassileth B – Oncology (Williston Park), 2010 Dec, 24(14):1353.
18. Goji berry effects on macular characteristics and plasma antioxidant levels. Bucheli P & cols – Optom Vis Sci, 2011 Feb, 88(2):257-262.
19. Lycium barbarum Polysaccharides Reduce Exercise-Induced Oxidative Stress. Shan X, Zhou J, Ma T, Chai Q – Int J Mol Sci. 2011 Feb, 12(2):1081-1088.
20. Antioxidative activity of polysaccharide fractions isolated from Lycium barbarum Linnaeus. Lin CL, Wang CC, Chang SC, Inbaraj BS, Chen BH – Int J Biol Macromol, 2009 Aug, 45(2):146-151.
21. Alleviation of the acute doxorubicin-induced cardiotoxicity by Lycium barbarum polysaccharides through the suppression of oxidative stress. Xin YF, Wan LL, Peng JL, Guo C – Food Chem Toxicol, 2011 Jan, 49(1):259-64.
22. Chemical characterization of Lycium barbarum polysaccharides and their reducing myocardial injury in ischemia/reperfusion of rat heart. Lu SP, Zhao PT – Int J Biol Macromol, 2010 Dec, 47(5):681-684.
23. Lycium barbarum (goji) juice improves in vivo antioxidant biomarkers in serum of healthy adults. Amagase H, Sun B, Borek C – Nutr Res 2009 Jan, 29(1):19-25.
24. Mice drinking goji berry juice (Lycium barbarum) are protected from UV radiation-induced skin damage via antioxidant pathways. Reeve VE & cols – Photochem Photobiol Sci, 2010 Apr, 9(4):601-617.
25. The effect of Lycium barbarum polysaccharide on alcohol-induced oxidative stress in rats. Cheng D, Kong H – Molecules, 2011 Mar, 16(3):2542-2450.
26. Chemical characterization of Lycium barbarum polysaccharides and its inhibition against liver oxidative injury of high-fat mice. Wu HT, He XJ, Hong YK, Ma T, Xu YP, Li HH – Int J Biol Macromol, 2010 Jun, 46(5):540-543.
27. A study on the preventive effect of Lycium barbarum polysaccharide on the development of alcoholic fatty liver in rats and its possible mechanisms. Gu S & cols – Zhonghua Gan Zang Bing Za Zhi, 2007 Mar, 15(3):204-208.
28. Immunomodulatory effects of a standardized Lycium barbarum fruit juice in Chinese older healthy human subjects. Amagase H, Sun B, Nance DM – J Med Food, 2009 Oct, 12(5):1159-1165.
29. Activation of macrophages by polysaccharide-protein complex from Lycium barbarum L. Chen Z, Soo MY, Srinivasan N, Tan BK, Chan SH – Phytother Res, 2009 Aug, 23(8):1116-1122.
30. Activation of T lymphocytes by polysaccharide-protein complex from Lycium barbarum L. Chen Z, Kwong Huat Tan B, Chan SH – Int Immunopharmacol, 2008 Dec, 8(12):1663-1671.
31. A randomized, double-blind, placebo-controlled, clinical study of the general effects of a standardized Lycium barbarum (Goji) Juice, GoChi. Amagase H, Nance DM – J Altern Complement Med, 2008 May.
32. Immunomodulatory effects of a standardized Lycium barbarum fruit juice in Chinese older healthy human subjects. Amagase H, Sun B, Nance DM – J Med Food, 2009 Oct, 12(5):1159-1165.
33. Lycium barbarum (goji) juice improves in vivo antioxidant biomarkers in serum of healthy adults. Amagase H, Sun B, Borek C – Nutr Res, 2009 Jan, 29(1):19-25.

terça-feira, 19 de abril de 2011

cheque MATE

Após tanta projeção para os estudos científicos com a Camellia sinensis na forma não torrada ("Chá Verde"), de fato um poderoso antioxidante e antinflamatório, finalmente os olhos da ciência se voltam para a contra-partida de nossa muy querida America del Sur: a Ilex paraguariensis, o MATE.
A quantidade de estudos na área médica que foram publicados nos últimos 11 anos (cerca de 130) estimula o aprofundamento neste fitoterápico. Algumas dessas pesquisas que vamos destacar mostram aspectos muito interessantes, como aquela de 1999 realizada na Suíça e que fez uma triagem em diversas plantas que poderiam ter efeito termogênico (ativar a eliminação de gorduras) - neste estudo apenas o mate foi considerado como eficiente (1).
Dez anos depois, a pesquisa de cientistas brasileiros da Universidade Federal de Santa Catarina  (2),  registrou os efeitos benéficos do consumo do mate sobre as dislipidemias (desregulação dos lipídios sanguíneos, entre eles colesterol, triglicerídeos, LDL). Trabalhando com modelo clínico, ou seja, utilizando voluntários humanos com quadros dislipêmicos, os pesquisadores relataram: "Foi concluído que o consumo de infusão com erva mate melhorou os parâmetros lipídicos em voluntários normolipídicos e dislipídicos e promoveu redução adicional do LDL-C  nos voluntários que estavam em uso de estatinas, o que pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares".
Outros estudos anteriores já sinalizavam que a erva mate possuia efeitos salutares sobre o organismo, em especial no que tange às doenças cardiovasculares. Em 2006, da mesma Universidade de Santa Catarina,  Mosimann, Wilhelm Fº e da Silva já haviam publicado um artigo que mostrava ser a Ilex paraguariensis capaz de impedir a progressão de doença aterosclerótica em coelhos (3) .
Mudando o foco, pesquisadores da Universidade São Francisco, Bragança Paulista (4) , avaliaram o potencial da erva mate na resistência à insulina, trabalhando com modelo animal (camundongos). Importantes registros foram feitos nesta pesquisa:
  1. A erva mate apresenta marcante ação antinflamatória (sobre NFkB, TNF-alfa e IL-6, todos marcadores inflamatórios).
  2. Os efeitos sobre esses marcadores inflamatórios se deram em nível dos genes reguladores.
  3. A erva mate restaurou a sensibilidade à insulina, mesmo em animais alimentados com dieta rica em gordura.
Outros estudos corroboram o poder antinflamatório da erva mate: (5)(6)(7) . Em sua composição, não só os antioxidantes polifenólicos exercem esta função, mas também as saponinas encontradas.

A quem possa interessar, um resumo de quase tudo o que já foi estudado com o mate foi publicado num artigo (8) que se intitula "Recent Advances on Ilex paraguariensis research: Minireview", por cientistas uruguaios - vale a pena conferir.

A erva não torrada apresenta, na infusão, maior integridade nos componentes antioxidantes. Uma ressalva, apenas, para o risco de se consumir a bebida (chimarrão) muito quente, pois já foi descrito que as altas temperaturas do líquido podem causar danos ao epitélio digestivo superior, inclusive câncer de esôfago.

Um extrato seco concentrado da Ilex paraguariensis para uso em cápsulas foi apresentado no Brasil sob o nome de "Pholia Negra", tendo seu método de preparo padronizado, segundo o fabricante. 

Formulação contendo 112mg de Ilex paraguariensis, associada a 95mg de Paullinia cupana (Guaraná) e 36mg de Turnera diffusa (Damiana) foi considerada efetiva para redução de peso através da diminuição de ingestão alimentar. O mecanismo apontado foi o retardamento do esvaziamento do conteúdo gástrico pós prandial. Confiram no artigo publicado  (9).

Saudações aos amigos e ex-alunos!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O PAPEL do ZINCO no DESEMPENHO da INSULINA


A vinculação do elemento biológico zinco com a produção da insulina, bem como a sua ativação pela união de suas duas cadeias protéicas, é bem conhecida. Neste aspecto, a literatura médica é pródiga. Em 1937, Himsworth (1) publicava seu artigo pioneiro, relatando que a insulina na forma de protamina com zinco, apresentava melhor resultado (aumentando a curva de liberação plasmática) quando administrada subcutaneamente. Anos depois, Tarui (2) publicava seus estudos originais sobre o metabolismo do zinco e aspectos clínicos do diabetes.
Porém, foram Boquist e Lernmark (3) que, trabalhando com modelos animais, provaram que a deficiência nutricional de zinco contribuía para disfunção pancreática e diminuição na oferta de insulina.
Já na década de 1970, cientistas russos liderados por Toroptsev e Ehchenko (4), provaram a importância do conteúdo de zinco nas células das ilhotas de Langerhans (sítio de produção da insulina). Entretanto, no ano de 1983 foi publicada uma pesquisa (5) onde se verificou que diabéticos apresentavam excreção urinária de zinco aumentada, traçando, definitivamente, uma relação inquestionável entre o metabolismo desse mineral e o controle da glicemia. Anos depois tal descoberta foi confirmada (8), levando à suposição que pacientes diabéticos podem apresentar deficiência de zinco.
A partir de 1990 muitos estudos sobre a relação do zinco com o diabetes e atividade insulinérgica são publicados. Shisheva (6) e seus colaboradores mostraram um efeito do zinco ao qual chamaram “insulin-like”, ou seja, semelhante à ação da insulina. Antes, May e Contoreggi (7) já haviam proposto um mecanismo para o efeito “insulin-like” do zinco, mais tarde esclarecido que o elemento interfere no acoplamento das cadeias protéicas alfa e beta desse hormônio - a estrutura do cristal consiste de hexâmeros T3R3f com dois íons zinco por hexâmero (9).
Modernamente, os estudos avançaram e descobriram que defeitos nas proteínas especializadas no transporte do zinco podem ser a chave para explicar a hereditariedade no diabetes. No caso, para a ZnT8, já foram descobertos polimorfismos que incapacitam essa proteína para o transporte do elemento zinco através do organismo, no pâncreas. Uma pesquisa super importante, neste aspecto, foi publicada recentemente (10).
Consoante a todos esses dados fundamentais no estudo do diabetes, muitos autores têm preconizado a suplementação com zinco para os pacientes diabéticos (11-15), a qual foi agora novamente ratificada no estudo com voluntários humanos realizado por Gunasekara e sua equipe (16). Na pesquisa, uma formulação multivitamínica-mineral com zinco, mostrou oferecer significativa melhoria na glicemia e nas dislipidemias:
A formulação usada na pesquisa de Gunasekara e sua equipe:
Vitamina A – 5.000ui
Vitamina D3 – 400ui
Vitamina E – 151ui
Tiamina – 10mg
Riboflavina – 10mg
Piridoxina – 2mg
Cianocobalamina – 7,5mcg
Nicotinamida – 50mg
Pantotenato de cálcio – 10mg
Ácido Ascórbico – 75mg
Magnésio – 30mg
Cobre – 2mg
Zinco – 22mg
Selênio – 70mcg
Para 1 cápsula

Posologia: 1 cápsula ao dia


 Referências:
1.       Protamine Insulin and Zinc Protamine Insulin.  Himsworth HP – Br Med J. 1937, 13; 1(3975):541-6.
2.       Studies on zinc metabolism. III. Effect of the diabetic state on zinc metabolism: a clinical aspect. Tarui S – Endocr J. 1963 , 10:9-15.
3.       Effects on the endocrine pancreas in Chinese hamsters fed zinc deficient diets. Boquist L, Lernmark A – Acta Pathol Microbiol Scand. 1969; 76(2):215-28.
4.       The identity of zinc- and insulin-containing granules in the B cells of the islets of Langerhans. Toroptsev IV, Ehchenko VA – Biull Eksp Biol Med. 1970, 69(4):110-3.
5.       Prospective and retrospective studies of zinc concentrations in serum, blood clots, hair and urine in young patients with insulin-dependent diabetes mellitus. Hägglöf B, Hallmans G, Holmgren G, Ludvigsson J, Falkmer S – Acta Endocrinol (Copenh). 1983, 102(1):88-95.
6.       Insulinlike effects of zinc ion in vitro and in vivo. Preferential effects on desensitized adipocytes and induction of normoglycemia in streptozocin-induced rats. Shisheva A, Gefel D, Shechter Y – Diabetes. 1992, 41(8):982-8.
7.       The mechanism of the insulin-like effects of ionic zinc. May JM, Contoreggi CS – J Biol Chem. 1982 Apr 25; 257(8): 4362-8.
8.       Type II diabetes mellitus, congestive heart failure, and zinc metabolism. Golik A, Cohen N, Ramot Y, Maor J, Moses R, Weissgarten J, Leonov Y, Modai D – Biol Trace Elem Res. 1993, 39(2-3):171-5.
9.       X-ray crystallographic studies on hexameric insulins in the presence of helix-stabilizing agents, thiocyanate, methylparaben, and phenol. Whittingham JL, Chaudhuri S, Dodson EJ, Moody PC, Dodson GG – Biochemistry. 1995, 28;34(47):15553-63.
10.    Down-regulation of zinc transporter 8 in the pancreas of db/db mice is rescued by Exendin-4 administration. Liu BY, Jiang Y, Lu Z, Li S, Lu D, Chen B – Mol Med Report. 2011, 4(1):47-52.
11.    Effect of diet intervention and oral zinc supplementation on metabolic control in Berardinelli-Seip syndrome. Dantas de Medeiros Rocha E & cols – Ann Nutr Metab. 2010, 57(1):9-17.
12.    Zinc supplementation partially prevents renal pathological changes in diabetic rats. Tang Y, Yang Q, Lu J, Zhang X, Suen D, Tan Y, Jin L, Xiao J, Xie R, Rane M, Li X, Cai L – J Nutr Biochem. 2010, 21(3):237-46.
13.    The Influence of Zinc Supplementation on the Pancreas of Streptozotocin-Diabetic Rats. Bolkent S, Yanardag R, Bolkent S, Mutlu O – Dig Dis Sci. 2009 Jan 1.
14.    Serum zinc levels in diabetic patients and effect of zinc supplementation on glycemic control of type 2 diabetics. Al-Maroof RA, Al-Sharbatti SS – Saudi Med J. 2006, 27(3):344-50.
15.    Effect of a zinc-enriched diet on the clinical and metabolic parameters in type 2 diabetic patients. Sharafetdinov KhKh & cols – Vopr Pitan. 2004; 73(4):17-20.
16.    Effects of zinc and multimineral vitamin supplementation on glycemic and lipid control in adult diabetes. Gunasekara P, Hettiarachchi M, Liyanage C, Lekamwasam S – Diabetes Metab Syndr Obes. 2011, 4:53-60.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

CÉLULAS CANCERÍGENAS "SABERIAM" NOSSA FISIOLOGIA?

Acaba de ser publicado um estudo que pode, imagino, mudar toda a concepção e hipóteses sobre o desenvolvimento das células cancerosas no ser humano.
Davies e Lineweaver (1), cientistas do Arizona e Austrália, respectivamente, relataram que os genes envolvidos nas manifestações de câncer são os mesmos que próximo há 1 bilhão de anos iniciaram o desenvolvimento dos organismo multicelulares!
Segundo os autores, esses genes foram controlados ao longo da evolução genética, mas não eliminados do genoma humano. Por isso se manifestam por atavismo, ou seja, sinais de antepassados que retornam nos descendentes.
Isto explicaria como as células cancerígenas se organizam tão eficientemente, criando meios de sobrevivência e colonização biológica, através de sistema de vascularização próprio e enzimas que permitem a invasão de tecidos adjacentes. Tudo isso porque elas simplesmente "sabem" nossa fisiologia! Sabem como sintetizar fatores de crescimento - VEGF (vascularização), EGF (desenvolvimento e reparação do epitélio) e outros fatores . Além disso, células cancerosas possuem a informação para síntese de enzimas que favorecem a expansão da "colônia",  um exemplo  é a hialuronidase.
Ou seja, parece que, de fato, as células cancerosas sabem muito bem onde estão pisando. Quando Rothschild (2003) comprovou a ocorrência de câncer em fósseis de dinossauros, sem dúvida mostrou que a existência de genes cancerígenos é tremendamente antiga, remontando há mais de 200 milhões de anos. Estudos mais recentes - Hartl (2010) - afirmam que o gene cancerígeno humano Myc existe há cerca de 600 milhões de anos!
O estado de conservação e função desses genes, segundo Weinberg, mostra que eles foram vitais e indispensáveis para o desenvolvimento dos organismos pluricelulares e de sua fisiologia. Ainda segundo este autor, o seu papel no câncer representa apenas um desvio aberrante de suas funções proliferativas, gerando violenta rejeição em algum momento evolutivo pelo novo sistema imunológico do hospedeiro.
Bom, o que esperamos mesmo é que esse fato novo sobre a origem do câncer possa servir para desenvolver métodos mais inteligentes de conter sua "colonização" no hospedeiro, quem sabe reprogramando suas influências sobre o sistema imunológico. 
Neta sequência de artigos estarei escrevendo brevemente sobre agentes naturais que possuem capacidade de inibir as manifestações cancerígenas em células humanas.
Abçs aos amigos e ex-alunos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

VÍTIMAS DO KATRINA APRESENTAM DOENÇAS PELO ESTRESSE.


Segundo o AIS (American Institute of Stress) “O estresse é difícil de ser definido porque é uma sensação bastante subjetiva, associada com uma variedade de sintomas que diferem de um para outro indivíduo”. Além disso, certo nível de estresse (eustresse) pode ser produtivo e contribuir para lampejos da performance intelectual ou física, em algum momento.
Entretanto, o estresse crônico (distresse) decorrente de pressão social, profissional ou emocional, aspectos normalmente encontrados na vida moderna, está associado a doenças, indubitavelmente. Recentemente, cientistas acompanhando as vítimas do furacão KATRINA, em Nova Orleans, descobriram como estas pessoas ficaram mais doentes  (7) comparadas aos indivíduos não estressados. 
Os principais grupos de doenças comprovadamente associadas com distresse são:
o      Doenças Cardiovasculares (7)
o      Distúrbios Gastrintestinais (16)
o      Diminuição da Imunidade (9)
Hans Selye foi o médico austríaco que elaborou os primeiros conceitos sobre estresse, ainda em 1937. Ele foi o primeiro, também, a relacionar doenças orgânicas com o estado emocional do paciente, criando o conceito de somatização.
Hoje, muitos anos após sua descrição sobre a Síndrome de Adaptação, ela continua perfeitamente aplicável cientificamente. A exaustão adrenal, de um aumento súbito dos níveis de cortisol seguido de extensa diminuição (6), é produto de um distresse prolongado com pensamentos obsessivos e ciclo vicioso. Esse estado que leva, também, à diminuição na oferta de ATP ao cérebro e a depleção de importantes nutrientes como as reservas de vitamina B12, do peptídeo L-Carnosina e do antioxidante intracelular L-Glutathione. Caem também os substratos mitocondriais para os neurônios – coenzima Q-10 e ribosil fosfato – e minerais importantes para a síntese protéica e metabolismo da glicose no cérebro, como o zinco, cromo e vanádio. O resultado final é a incapacitação para as tarefas diárias, diminuição da eficiência, podendo chegar ao abandono temporário (ou definitivo!) de sua rotina profissional e/ou familiar.
Nesta situação nutrientes e antioxidantes são consumidos em larga escala: vitaminas do complexo B envolvidas com a glicólise e ciclo de Krebs, assim como os minerais magnésio e cálcio. Os níveis de vitamina C livre diminuem rapidamente, assim os oligoelementos zinco, manganês e selênio.
Entre os aminoácidos, os mais consumidos durante o estresse estão BCAA (leucina, isoleucina e valina), a principal fonte de energia para o músculo esquelético; e a L-Glutamina, combustível vital para os fagócitos. Outros aminoácidos que são intensamente consumidos durante o estresse são L-Arginina e L-Lisina.
IMUNIDADE: fica bastante prejudicada sob distresse, pois além da queda da L-Glutamina plasmática, zinco e vitaminas importantes para o sistema imune (C e A) também diminuem nas células. Logo após Solomon (8) ter publicado seu artigo especulando sobre a influência do estresse na imunidade, estudos com animais mostraram que o estresse induzido diminuiu a contagem das células brancas e seus parâmetros de viabilidade como motilidade, proliferação e diferenciação. Os animais submetidos ao estresse induzido, quando comparados ao grupo controle, apresentaram incontestável predisposição para infecções. Ader (9) com sua pesquisa, veio, então, confirmar definitivamente a influência do estresse psicoemocional sobre o sistema imunológico, reformulando o conceito errôneo de que os sistemas nervoso e imunológico não interagiam.
SISTEMA CARDIOVASCULAR: os danos ocasionados ao sistema cardiovascular pelo distresse têm sido observados há muito pelos médicos. O foco principal dos efeitos nocivos sempre foi no metabolismo das catecolaminas e na hipertensão. Estudos mais recentes, porém, têm abordado outro aspecto, utilizando modelos humanos como o de Tucker (7), que acompanhou os sobreviventes do furacão Katrina em New Orleans, e a relocação de desabrigados em Oklahoma, EUA. Neste estudo os autores verificaram que os indivíduos cujas vidas foram gravemente afetadas pelo furacão apresentaram níveis muito elevados de IL-6. Do grupo das interleucinas (IL), a IL-6 é uma das mais potentes pró-inflamatórias, também relacionada com desenvolvimento de disfunção endotelial e doença aterogênica. Portanto, além dos fenômenos decorrentes das catecolaminas nos indivíduos estressados, outros parâmetros que contribuem para as doenças cardiovasculares estão envolvidos no estresse, especialmente os marcadores inflamatórios.
GASTRINTESTINAL: os efeitos do estresse sobre o trato gastrintestinal podem ser observados de imediato em muitos pacientes submetidos a estresse agudo. Alterações fisiológicas na mucosa intestinal podem provocar incontinência fecal. Com o prolongamento do estresse (distresse) efeitos sobre a mucosa gástrica são observados: gastrite e úlcera. Agostini (16) ratifica em sua pesquisa que a amígdala cerebral exerce papel importante neste fenômeno de disfunção gastrintestinal em resposta ao estresse psicoemocional agudo.
Lyte (17) argumenta que as catecolaminas liberadas no estresse agudo – especialmente noradrenalina – alteram a fisiologia da mucosa intestinal provocando respostas de defesa contra bactérias simbióticas em nosso intestino. O resultado é o aumento da vulnerabilidade a infecções e alterações na homeostase da mucosa intestinal, com inflamação.
SONO: normalmente muito prejudicado nos pacientes portadores de estresse não controlados. Serafina Corsello, especialista estresse, afirmava que as dificuldades do sono, quais sejam sono interrompido, sono insuficiente, são fatores predisponentes ao estresse. Assim, nos deparamos com um circuito retroalimentado: estresse prejudica o sono; e o sono insuficiente aumenta a predisposição ao estresse. Glozier (17) avaliou quase 3.000 pessoas, concluindo que os portadores de estresse apresentaram significativo encurtamento do sono.
Referências:
  1. Mecanismos de Prevenção do Estresse - Denizard Datti, Ed. Rosa dos Tempos.
  2. Autocontrole: a Nova Maneira de Controlar o Estresse - Ana Maria Rossi, PhD - Ed. Rosa dos Tempos.
  3. Como Tornar-se um Bom Estressado: Eric Albert & Gilberto Ururahy - Ed. Salamandra.
  4. The Healing Nutrients Within - Carl Pfeiffer & Eric Braverman - Keats Publishing - USA.
  5. Salivary measures of estresse and immunity in police officers engaged in simulated critical incident scenarios. Groer M & cols – J Occup Environ Med, 2010, 52(6):595-602.
  6. Use of saliva for assessment of estresse and its effect on the immune system prior to gross anatomy practical examinations. Lester SR & cols – Anat Sci Educ, 2010, 3(4):160-167.
  7. Emotional and biological estresse measures in Katrina survivors relocated to Oklahoma. Tucker P & cols – Am J Disaster Med, 2010, 5(2):113-125.
  8. Emotions, immunity and disease: A speculative theoretical integration. Solomon GF & Moos RH – Arch Gen Psychiatry, 1964, 11:657-674.
  9. Behaviourally conditioned immunosuppression. Ader R & Cohen N – Psychosom Med 1975, 37:333-340.
  10. Effects of acute psychological estresse on adhesion molecules, interleukins and sex hormones: implications for coronary heart disease. Heinz A & cols – Psychopharmacology, 2003; 165:111-117.
  11. Loneliness and neuroendocrine, cardiovascular, and infl ammatory estresse responses in  middleaged men and women. Steptoe A & cols – Psychoneuroendocrinology, 2004, 29:593-611.
  12. Effects of mental and physical estresse on platelet function in patients with stable angina pectoris and healthy controls. Wallen NH & cols –  Eur Heart J 1997, 18:807-815.
  13. Acute psychological estresse: effects on chemotaxis and cellular adhesion molecule expression. Redwine L & cols –  Psychosom Med, 2003, 65:598-603.
  14. The effects of acute psychological estresse on lymphocyte adhesion molecule expression and density in cardiac versus vascular reactors. Farag NH & cols – Brain Behav Immun, 2002, 16:411-420.
  15. Does Estresse Influence Immunity and Cause Coronary Artery Disease? Ho Roger CM & cols – Ann Acad Med Singapore, 2010, 39:191-196.
  16. Brain functional changes in patients with ulcerative colitis: A functional magnetic resonance imaging study on emotional processing. Agostini A & cols – Inflamm Bowel Disease, 2010 Nov 15.
  17. Short sleep duration in prevalent and persistent psychological distress in young adults: the DRIVE study. Glozier N & cols – Sleep, 2010, 33(9):1139-1145.
Abçs aos amigos e ex-alunos.
Celio Mendes

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

2011 - TOCOTRIENÓIS INIBEM CÂNCER DE MAMA

A pesquisa é bem recente e mostra, finalmente, como são os mecanismos pelos quais os TOCOTRIENÓIS (componentes da VITAMINA E)  inibem a evolução do câncer de mama. Numa revista super importante no estudo de câncer e genoma foi publicado o artigo (1) por cientistas da Malásia que comprovaram a capacidade dos tocotrienóis em "travar" o gene API-5 (anti-apoptótico 5). Esse gene (2) se pronuncia no câncer de mama e impede o principal de mecanismo de defesa do organismo contra o câncer: a autodestruição das células afetadas. Assim, a proliferação e evolução das células cancerígenas se torna livre e desgovernada.
Os TOCOTRIENÓIS, ao inibirem o API-5, devolvem às células sua principal arma de defesa, a APOPTOSE! (apoptose quer dizer autodestruição da célula). Esta descoberta só vem confirmar o que dezenas de pesquisas publicadas entre 2000 e 2010 haviam mostrado, o poder anticancerígeno dos TOCOTRIENÓIS. Apenas para relembrar, pois já falamos sobre isso, os tocotrienóis são parte da vitamina E, constituindo o que se chama modernamente COMPLEXO "E". Só que, ao ingerir apenas o alfa-tocoferol (cápsulas moles disponíveis nas farmácias), deixamos de ter os efeitos benéficos do restante do complexo, ou seja, dos TOCOTRIENÓIS. Por isso é necessário associar com o alfa-tocoferol uma proporção dos tocotrienóis (entre 1/2 a 1/4 da dose de alfa-tocoferol).
O artigo saiu publicado na revista (Cancer Genomics and Proteomics) de uma associação cujo nome é bem sugestivo: International Institute of ANTICANCER Research (4). Enquanto todas as instituições se denominam Cancer Institute Research (o Instituto Nacional do Câncer devia se chamar Instituto Nacional Anticâncer, não acham?), esta preferiu adotar uma denominação mais coerente.
Para somar, a mesma pesquisa descobriu que os TOCOTRIENÓIS estimulam a expressão de um gene defensor das células, o MIG-6, cujo papel é adaptar a célula a situações críticas de estresse oxidativo ou ataques ao DNA (3) . O MIG-6 permite a célula reprogramar a síntese de proteínas de modo a não favorecer estados anormais da célula, como a mutagênese e câncer. Assim, proteínas antioxidantes especiais não deixam de ser produzidas durante o estresse induzido na carcinogênese.
Bingo! TOCOTRIENÓIS são a defesa DUPLA contra a proliferação das células cancerígenas (MCF-7) na mama em humanos. Esperamos que muito em breve vários suplementos nutricionais de alfa-tocoferol possam incluir o restante da verdadeira vitamina E, o COMPLEXO "E" formando pelos TOCOFERÓIS + TOCOTRIENÓIS, exatamente como aparecem naturalmente nas palmeiras e outras fontes vegetais. O laboratório de manipulação PhD desenvolveu o complexo "E" para uso oral em cápsulas, utilizando alfa tocoferol de 150mg + Tocotrienóis 50mg (mistura de isômeros).
Outros estudos recentes que comprovam ação anticancerígena dos tocotrienóis para vocês se divertirem:
(5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13).
Uma dica: se não tiverem tempo para ver tudo vejam (6), (11) e (12) - estes dois últimos sobre inibição do CÂNCER DE PRÓSTATA.

Abçs aos amigos e ex-alunos!
PS: desculpem a pequena ausência por motivo de férias.