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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

EM BUSCA DA HOMEOSTASE BIOENERGÉTICA: OBESIDADE ou LONGEVIDADE?

A humanidade está diante do grave problema do excesso de peso e obesidade. Dados estatísticos no Brasil já relatam 8,8% de obesos e 41% acima do peso, para os homens. Para as mulheres 12,7% e 39,2%, respectivamente.
Em outras partes do mundo o perfil também é assustador, mostrando que foi rompido o equilíbrio entre a aquisição de calorias e o gasto das mesmas. A conta final é o sobrepeso, inevitavelmente.
Uma boa parte da conta vai pelo moderno sedentarismo, ainda que proliferem academias pelos bairros. Outra parte vai mesmo pela inadaptação genética para enfrentar tantas mudanças em tão pouco tempo. Em dois séculos - que não é nada para modificações no genótipo - saímos da escuridão com Edison, passamos a contar com locomoção facilitada através de Fulton, a nos comunicar via Graham Bell e mais recentemente por uma dezena de cientistas controlados por Cooper, através do celular. E por aí vai, ressaltando ainda o CONTROLE REMOTO. Que viciante engenhoca que nos deixa cada vez mais gordos!
Agora, falando sério.
O sistema metabólico dos mamíferos, e também do Homo sapiens, foi adaptado ao longo de milhões de anos para acumular toda a sobra energética. Estamos bem equipados para transformar o resíduo ACETIL CoA em lipídios e estocá-los num tecido de reserva, o tecido adiposo. Carboidratos, gorduras e proteínas dão origem a grandes quantidades de ACETIL CoA. Se o gasto energético for pequeno o resultado é mais e mais acúmulo --> obesidade.
A gordura mata e já sabemos disso, são tantos os exemplos! Recentemente o cantor e compositor Wando, querido de tantos e intérprete de uma das lindas canções brasileiras "Moça, nos deixou por complicações originárias do excesso de peso. Problemas cardiovasculares e diabetes são os principais males decorrentes da obesidade.
Muitos cientistas estão pesquisando como ocorre a "ordem" para o adipócito liberar gordura (triglicerídeos) e tranformá-la em combustível (ATP) para o corpo. Inicialmente, os triglicerídeos do tecido adiposo precisam sofrer ação de enzimas, as lípases dos adipócitos, capazes de romper a ligação entre o glicerol e os ácidos graxos. Somente ácidos graxos livres são passíveis de sofrer a beta-oxidação para fornecer energia - o que popularmente se chama "queimar gordura".
Nas pesquisas foram identificadas enzimas chamadas SIRTUÍNAS - já falei disso por aqui neste blog.
Só que agora os indicadores da importância dessas enzimas para conter a obesidade tornou-se evidente: cientistas estão proporndo que essas enzimas sejam os principais reguladores do volume de gordura nos adipócitos! Ou seja: as SIRTUÍNAS exerceriam o papel de "porteiro" nos adipócitos com a chave para abrir as comportas de gordura acumulada e encaminhar para a "queima" (beta-oxidação).
São tantos os fatores envolvidos na regulação bioenergética que dá até dor de cabeça para gravá-los: leptina, adiponectina, visfatina, klotho, FGF-21, AMPKinase, PPARs, UCPs, DsbA-L e vai por aí...
Esses os fatores - e outros mais! - intervém na liberação da gordura dos adipócitos, bem assim na diferenciação dessa células (diferenciação em adipócitos é a maneira como o organismo se "vira" para distribuir a gordura que se acumula de forma equitativa no tecido gorduroso). Já sabemos que quanto mais "cheio" o adipócito maior o risco de ocorrer a liberação de citoquinas (substâncias pró-inflamatórias) que estimulam ainda mais a retenção gordurosa e provocam inflamação neste tecido.
Voltando as SIRTUÍNAS, elas estão vinculadas ao estado "de direito" que permite a liberação das gorduras acumuladas para uso bioenergético: o jejum.
Quando ficamos em jejum, mesmo que por 12 horas, simulamos um estado muito comum nos primórdios do H. sapiens, a fase coletora. Se tinha comida pegava, se não tinha, esperava. Caçar era uma atividade complicada com a inadaptação de nosso corpo para perseguições de presas em alta velocidade. Também a compleição física nem a dentição ajudavam neste aspecto - consumir a gordura acumulada foi a solução mágica da adaptação biológica. Por esta estratégia, sobrevivemos e criamos até blogs! Assim, o sistema bioquímico-hormonal protegeu o organismo através de mecanismos complexos e muitos -mas MUITOS - fatores interligados que regulam o uso da gordura estocada.
As SIRTUÍNAS, entretanto, são as primeiras a serem detectadas aumentadas no JEJUM, um estado legítimo que exige liberação dos estoques lipídicos. São dezenas de estudos concluídos que validam essa hipótese médica. Já estou convencido de que são elas o principal fator regulador - indústrias farmacêuticas já estão desenvolvendo  "Mimetizadores das Sirtuínas", produtos que "enganam" o organismo e simulam estado que exige liberação de gordura para consumo (jejum). Produtos com siglas (SRT501, SRT1720) estão a caminho de serem lançados no mercado futuro e prometem modificar drasticamente nosso metabolismo, reduzindo o acúmulo de gordura. Seriam bem mais potentes do que os compostos naturais que exibem essa ação (vejam abaixo).
Em se confirmando isso, daríamos um grande passo para "remediar" a pandemia de obesidade, já que poderíamos mudar o foco do organismo, de carboidratos para lipídios.
Nos animais os agonistas naturais (fitocompostos) das SIRTUÍNAS foram bem nos testes, reduzindo peso violentamente, mesmo sem restrição alimentar significativa. Dentre os mais ativos estão  KAEMPFEROL  e   RESVERATROL . Este último já bem conhecido das uvas e vinho (embora esteja presente em várias frutas vermelhas), já o KAEMPFEROL é uma novidade , e o melhor: muito mais potente do que o resveratrol.
A natureza está provida dessas e outras biomoléculas fantásticas, o que foi objeto de pesquisa que estou publicando em Jornal Científico aqui do Brasil - quase todas contidas em temperos ou alimentos esquecidos ou sub-utilizados.
Dentre as principais fontes de kaempferol está a  ALCAPARRA  - mas existem outras e vocês ficarão surpresos com esses maravilhosos vegetais que ativam poderosamente as SIRTUÍNAS e contribuem para a utilização da gordura acumulada (vide link para o artigo e as tabelas de alimentos contendo kaempferol e resveratrol). Mas, melhor ainda são as descobertas de que essas enzimas estão DIRETAMENTE relacionadas com o aumento da LONGEVIDADE.
Animais de laboratório submetidos à restrição calórica (diminuição na oferta de alimento), além de expressarem claramente a ação das SIRTUÍNAS sobre a lipólise, tiveram um fantástico aumento na sobrevida. Em alguns grupos até 25%! E com boa saúde, que é, no final o que interessa.
Em humanos, os relatos do cientista japonês Miyagi sobre populações longevas de Okinawa são impressionantes, mostrando que também nos seres humanos estes resultados são realizáveis.
Vocês podem ter acesso o link (vide abaixo). No modelo padrão de publicação deu 59 páginas. Mas vale a pena ler, pois foram 6 meses de estudos que desenvolvi para mapear esses complexos mecanismos que regulam a homeostase bioenergética.

Até breve!

ATENÇÃO: devido aos inúmeros pedidos, aí vai o link para o artigo na íntegra, em primeira mão: http://clippmark.com/phd1/HOMEOSTASE_BIOENERGETICA_NOVO.pdf