Pesquisar no blog

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

MAIS PESQUISAS COM A MICROBIOTA INTESTINAL

Nosso querido e saudoso Professor Helion Póvoa foi o primeiro a alertar sobre a abrangente importância do intestino para a saúde e da microbiota habitante.
Há dois anos as pesquisas vem comprovando que essa microbiota atua sobre a imunidade, sobre a condição nutricional absortiva e sobre o aumento de peso, um problema mundialmente preocupante, especialmente a obesidade infanto-juvenil.
Estudos recentes desdobram as descobertas sobre a influência das bactérias metanógenas na obesidade, especialmente Methanobrevibacter smithii, mostrando que desequílibrios com o gênero CLOSTRIDIUM são igualmente estimuladores do ganho de peso.


É preciso que se incorpore decidida e definitivamente o conceito de que a homeostase da microbiota intestinal é um aspecto vital para a higidez sistêmica e o bom funcionamento do sistema imunológico e do metabolismo, e para diminuição da incidência da obesidade.

Um recente estudo com LACTOBACILLUS REUTERI confirma sua capacidade de melhorar o metabolismo lipídico, reduzindo a colesteremia:


Cada vez mais as propriedades probióticas do Lactobacillus reuteri surpreendem nas novas pesquisas!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

SUBIU UMA ESTRELA

06-07-1929
10-08-2014

Helion Póvoa Filho, o meu Professor Helion, tão querido, deixou esse plano no dia 10 de agosto. Desde então venho buscando como exprimir minha perda, após 23 anos ininterruptos de convivência, um eterno aprendizado que tive com esse homem sábio.
Escasseiam as palavras, escondem-se as ideias, diante da magnitude de Helion
Afloram sentimentos: gratidão, compreensão, aceitação, respeito, enfim, o puro amor que Helion Póvoa mais do que apregoou, praticou.
Além de sua genial perspicácia médica e científica, o seu tom brando e conselheiro cativou quantos lhe conheceram. Deixou um secto numeroso de admiradores e seguidores, entre os quais me orgulho de ser dos mais antigos em sua companhia, antes de mim apenas a querida companheira Heloisa Montezano.
Partiu Helion para os cimos incalculáveis, deixou a todos um legado profícuo e a instigante busca pelo saber, sua mais preciosa centelha Divina.
Um mestre da medicina, um professor incansável, homenageado em altas instâncias, membro da Academia Brasileira de Medicina, mantinha-se o que sempre foi: puro e simples. Receptivo a novas ideias, pronto a compartilhar conhecimento.
Mas, desde cedo também lhe arrebatou o desejo inevitável de dar formato aos seus sentimentos humanistas: a poesia.
Através de seus livros poéticos nos deixou pérolas como o livro "DONS", imperdível para os sensíveis de espírito.
Para todos que o conheceram ficará eternizado o seu olhar de candura.
Resta-me guardar o que ele me deu de melhor: o seu sorriso!
Obrigado mestre. 

Celio Mendes.

sábado, 3 de maio de 2014

FISETIN (outra vez) NOVO ARTIGO SOBRE O CÂNCER DE PRÓSTATA.

Recentemente fiz um estudo sobre as propriedades da FISETINA, esse bioflavonóide importantíssimo para nossa saúde e contido de forma menos abrangente nos alimentos. Parece que a FISETINA está mais presente em temperos do que em frutas e legumes. Um dos principais acumuladores deste flavonóide é o LOURO (Laurus nobilis), um tempero que se usava muito no feijão cozido. Pelo que tenho assuntado, está sendo esquecido na culinária das grandes metrópoles - uma pena.
Mas, voltando à FISETINA, suas ações anticancerígenas são múltiplas e, a cada novo estudo, surge mais um mecanismo de ação contra o câncer. O que mais surpreendeu até agora é sua potente capacidade de inibir a migração das células cancerígenas (metástases) e isso de vários modos diferentes.
Num estudo recentíssimo publicado descobriram mais um mecanismo anti-metástase da fisetina: inibição de uma proteína que facilita a migração das células de câncer na próstata: YB-1.



Este artigo foi publicado agora em 19 de fevereiro de 2014 numa revista super especializada no estudo do câncer, a ONCOTARGET!
Vale a pena conferir o link abaixo.

A fisetina já está disponível para uso como suplemento alimentar em laboratórios de manipulação (Avena farmacêutica: www.avenanet.com.br).

Não esqueçam: 23 e 24 de maio estará acontecendo o SIMPÓSIO DE NUTROLOGIA no Colégio Brasileiro de Cirurgiões com dezenas de professores palestrantes de todo o Brasil. Não percam!!!!!!
Contato:

Saudações,
Celio.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

SIMPÓSIO DE NUTROLOGIA NO RIO!

Não temos tido muitas realizações de eventos científicos ligados à nutrologia no Rio de Janeiro, ultimamente. Este simpósio a ser realizado no CBC, em Botafogo, apresenta um excelente programa e ótimo grupo de palestrantes! Recomendo a todos que exercem na área de saúde, pois serão discutidos os usos dos probióticos, antioxidantes e muitas outras abordagens modernas no tratamento de várias condições médicas. Vejam o cartaz de divulgação abaixo e acessem o site:




Saudações

Celio.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Restrição Calórica, Saúde e Longevidade

Já venho escrevendo sobre esse fascinante tema há algum tempo, inclusive em postagens mais antigas. Mas, assistindo à brilhante aula do brilhante Prof. Ítalo Salzano no CENTRO DE ESTUDOS HELION PÓVOA (abaixo o endereço), me senti motivado a retomar essa conversa com vocês.

Primeiro: somente em 2010 finalmente foram enunciadas as primeiras definições para Restrição Calórica. Inicialmente, há várias décadas atrás, falava-se em 20 a 40% de redução na ingestão diária de calorias. Restrição severa foi considerada na faixa de 45%. A ingestão média da população foi recentemente estipulada em 2.700kcal/dia para a população masculina - a feminina é cerca de 10 e 15% menor.
As definições recentes falam entre 16 a 25% de redução calórica, possivelmente porque valores mais altos, na faixa de 40%, podem trazer efeitos colaterais como baixa de imunidade. Uma redução de 25% na redução calórica diária da população, sem dúvida, traria ganhos imensos para a saúde. Estamos falando na adoção imediata da ingestão diária de 2.000kcal nos primeiros 3 meses. Somente após poderíamos prosseguir com segurança para atingir a tão sonhada meta dos 1.800kcal/dia e até 1.500kcal/dia.

Segundo: redução de calorias sim, porém restrição de nutrientes NÃO! Por isso a importância do acompanhamento médico/nutricional, pois já foram registrados casos em que, por conta própria, pessoas fizeram programas de redução não só de calorias, mas também dos nutrientes vitais (vitaminas, minerais, oligoelementos), por ignorância. Não esqueçamos que alguns minerais como zinco, cromo, selênio, molibdênio, cobre, entre outros, aparecem no organismo em quantidade mínima, mas indispensável. Assim, redução de grupos de alimentos que afetem estes oligoelementos pode trazer sérias consequências à saúde.

Terceiro: indiscutivelmente  a única maneira cientificamente reconhecida para aumentar a longevidade é a restrição calórica. Por isso estamos diante de uma dupla opção pela saúde, reduzir a ingestão calórica é certamente o modo mais simples de reduzir o peso corporal e traz, em longo prazo, o aumento de nossa vida útil!
ARMADILHAS CALÓRICAS: acabei de jantar 4 colheres de arroz (160kcal), 2 conchas de feijão (40 kcal), 2 colheres de abobrinha refogada (30kcal), uma porção de couve (15kcal) e um ovo cozido (80kcal). Somando tudo dá 325kcal. Uma fatia grande de pizza portuguesa oferece 380kcal!!! Portanto, cuidado com as bombas calóricas, por mais tentadoras que sejam. Lógico que não podemos apenas estigmatizar a pizza, é apenas um exemplo. Todos os petiscos são altamente calóricos, empadas, bolinhos fritos, biscoitos (especialmente os recheados 1 unidade = 20kcal). Imagine uma criança de 8 anos que come todo dia um pacote com 20 unidades!

Auxílio oportuno: como a ciência está sempre atenta, já vêm sendo pesquisadas substâncias naturais que simulam estados de restrição calórica. São os chamados "Miméticos da Restrição Calórica" sobre os quais tantos estudos estão sendo publicados.
Resveratrol: o mais antigo nas pesquisas, aquele que se encontra no vinho tinto. Mas não só no vinho, aliás  o teor de resveratrol no vinho nem é tão significativo assim, o que quer dizer que para obter doses satisfatórias deste antioxidante seria necessário beber várias taças por dia, o que implica em nocivo consumo de álcool etílico. Aliás, os estudos nutricionais das últimas décadas mostraram que o resveratrol está distribuído em muitas frutas, não só na uva. Todas as frutinhas vermelhas (chamadas berries) estudadas mostraram teores significativos do resveratrol. Amendoins também contém resveratrol. Frutas vermelhas ainda não bem estudadas podem conter também resveratrol (amora, pitanga).


Kaempferol: um flavonóide que despontou grandiosamente nas pesquisas sobre perda de peso, é um dos importantes componentes da famosa dieta do Mediterrâneo, famosa por proporcionar mais saúde cardiovascular e menor incidência de câncer. Aliás, os mecanismos anticâncer associados ao kaempferol estão cabalmente demonstrados. A principal fonte de kaempferol é a alcaparra. Seguem-se cebolinha, couve e agrião.



Fisetina: o mais recente que vem sendo pesquisado. Já é considerado um dos mais potentes ativadores das sirtuínas, as enzimas responsáveis pelos efeitos benéficos da restrição calórica. Estudos com fisetina mostram que, além do seu marcante efeito mimético da restrição calórica, ela inibe as temíveis metástases cancerígenas. As principais fontes de fisetina são louro, caqui e pepino.


Todos esses componentes estão sendo usados na suplementação nutricional em caráter preventivo das doenças cardiovasculares e câncer ou na busca de auxílio na perda de peso. Tenho em minha biblioteca eletrônica centenas de artigos sobre os três que posso enviar aos interessados. Vejam esse:



* Centro de Estudos Helion Póvoa: Rua Martins Ferreira 75, Rio, palestras às 5ª feiras 10h, entrada franca.

Saudações a todos.

Celio Mendes.

domingo, 23 de março de 2014

Mais LACTOBACILLUS REUTERI.



Cultura de Lactobacillus reuteri.

Artigos recém publicados reforçam a importância desse probiótico descoberto no leite humano e na microbiota humana há algumas décadas. Lactobacillus reuteri é um potente agente colonizador natural, dotado de substâncias bactericidas e fungicidas (reuterina, reutericiclina e reutericina). Todas estão sendo muito estudadas, especialmente reuterina que possui uma estrutura química super simples, porém capaz de eliminar a concorrência bacteriana. Cogita-se seu uso uso na conservação de alimentos, o que nos traria grande vantagem em relação aos atuais conservadores bem mais tóxicos e artificiais.
Esses links abaixo levam vocês a dois artigos super recentes e bem interessantes. 
No 1º, um estudo com crianças de 6 a 36 meses no uso de L. reuteri mostrou a remissão de quadros de diarréia, mostrando regulação da microbiota infantil.
No 2º, pacientes com fibrose cística foram beneficiados pela diminuição de proteobactérias, que danificam a microbiota humana e provocam inflamação.



Estrutura de Lactobacillus reuteri.


Pode-se usar a suplementação com o probiótico L. reuteri de várias maneiras:
  1. Cápsulas entéricas (adultos) ou Suspensão Celulósica-HMC (crianças): vamos obter concentração do L. reuteri no intestino, passando direto pelo trato gastrintestinal superior. Vai atuar diretamente sobre a microbiota intestinal.
  2. Cápsulas normais (adultos) ou Suspensão simples (crianças): vamos obter colonização também no trato gastrintestinal superior (esôfago e estômago), o que pode ser interessante para H. pylori (adultos) e para estomatites (crianças).
  3. Jujubas mastigáveis: combate cáries (vários estudos comprovam) e candidíase oral.

Abcs a todos e não esqueçam: hoje é meu aniversário!

Celio Mendes.

quinta-feira, 13 de março de 2014

FISETINA e a FAMÍLIA FLAVONÓIDE

Por quanto tempo temos comido bioflavonóides? Impossível responder com precisão. Recentemente, entretanto, cientistas demonstraram que essas biomoléculas participam da vida no planeta há, pelo menos, milhões de anos, quando descobriram que certos organismos aquáticos (ouriços do mar) só conseguem fazer a fusão dos gametas mediante a presença de QUERCETINA. Ou seja, sem quercetina essas formas de vida não se reproduziriam.


Ouriço do Mar

Este flavonóide - a quercetina - já é um ilustre conhecido nosso, desde que pesquisas médicas (e são milhares!) vem mostrando nas últimas décadas a sua importância como estabilizador de sistemas celulares como os mastócitos em mamíferos. Quercetina já demonstrou, também, que pode diminuir a eficiência da proliferação cancerígena tanto in vitro como in vivoA quercetina é ricamente encontrada na cebola, entre outros.

O reino vegetal é pródigo na quantidade e diversidade dos flavonóides, chamados assim por possuírem o núcleo do composto FLAVONA. São tantos que ficaria cansativo listar todos os conhecidos, mas podemos ressaltar KAEMPFEROL, RUTINA, HESPERIDINA, FISETINA, MYRICETINA, todos de grande importância para a saúde.

Gostaria hoje de focar os estudos com a FISETINA, pois são mesmo surpreendentes. Este flavonóide cuja presença nos alimentos parece ser menos marcante do que seus parentes, demonstra um forte potencial anticancerígeno. Pesquisas mostraram que fisetina pode bloquear proliferação cancerígena de vários modos. Um dos mais discutidos e relevantes é a metástase, simplesmente uma tragédia na luta contra o câncer. Através das metástases as células cancerígenas migram de um órgão para outro, inviabilizando ou dificultando sobremaneira o tratamento.
Um dos mecanismos já identificados ligados a essa capacidade da fisetina é a inibição de um grupo de enzimas - as metaloproteinases - responsáveis pela "abertura de caminho" para a invasão cancerígena em órgãos vizinhos. Um outro grupo de enzimas denominado de UROKINASES também é sensível à ação biológica da FISETINA, diminuindo igualmente o potencial das células cancerígenas de invadir os tecidos e órgãos. Já são várias pesquisas publicadas neste sentido e vamos listar abaixo os LINKs para os interessados em obter mais informações. 



Mas não é só esse o mecanismo anticancerígeno da FISETINA: ela aprisiona possíveis células cancerígenas no estágio pré-mitótico, impedindo a proliferação do câncer e ainda coordena a ação de enzimas encarregadas de promover a autodestruição das células quando sofrem alterações de DNA que podem levar ao câncer.


Além da ação anticancerígena, cujos mecanismos estão resumidos acima, a FISETINA apresenta interessantes atividades de neuroregeneração, inclusive com relação ao tecido amilóide presente no cérebro portador do mal de Alzheimer.

 Realmente são surpreendentes as propriedades médicas deste flavonóide catalogadas em mais de 400 publicações na PubMed.

Agora, as pesquisas que demonstram uma impressionante ação da FISETINA na proteção do tecido ósseo é que está despertando tanto interesse. Ela mostrou ser capaz de conter a tão famigerada proliferação dos osteoclastos, células digestoras do osso, causando a osteoporose. Além disso, simultaneamente, FISETINA estimula o crescimento e colonização dos osteoblastos, as células que conjugam cálcio e proteínas trabeculares, formando o osso. Realmente sensacional esta pesquisa.


A Fisetina, entre os flavonóides já estudados, é a que apresenta menor teor nos alimentos, e também menor diversidade nos vegetais. Mas isso pode mudar: neste ponto as pesquisas estão apenas no começo. Até agora as fontes mais significativas são:



A família dos flavonóides, bem assim a dos carotenóides, ambas demonstraram indubitavelmente serem importantes para a preservação da vida e saúde celulares, portanto dos organismos vivos. Não são considerados ainda elementos nutricionais essenciais, como as vitaminas, minerais e aminoácidos. Mas como viver bem sem ambos, flavonóides e carotenóides. É preciso refletir sobre isso, pois esses produtos estão incorporados em nossa dieta saudável. Ou seja, a dieta que as vovós sempre recomendaram: muitas frutas, legumes e hortaliças. Nada mudou neste sentido, elas continuam certas, ainda que não soubessem o porque. Vai explicar... Há muito mais entre o Céu e a Terra que a nossa vã filosofia, bom vocês sabem o resto do pensamento.

A propósito, a tão famosa dieta do mediterrâneo é riquíssima nestes componentes.

Fisetina já está disponível no Brasil para suplementação nutricional. O primeiro laboratório de manipulação a disponibilizar foi Avena farmacêutica.

Alguns links para vocês se divertirem!











Bom, divirtam-se e se precisarem mais dados peçam pelo e-mail.

Saudações aos colegas, alunos e ex-alunos!

Celio Mendes de Almeida.













domingo, 19 de janeiro de 2014

Lactobacillus reuteri: o mais eficiente probiótico.

A denominação "probióticos" foi criada para se referir aos microrganismos simbióticos - os micróbios amigos - que habitam nosso organismo aos trilhões.
No trato gastrintestinal bilhões convivem na boca e intestinos, alguns conseguem viver na estômago. Um mal micróbio (patogênico) vem vivendo neste ácido órgão há muito tempo, e sua descoberta gerou um Prêmio Nobel de Medicina: o Helicobacter pylori, que foi associado com úlceras e gastrite crônica.

Barry J. MarshallJ. Robin Warren


Barry J. Marshal               J. Robin Warren

Ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina em 2005.


Helicobacter pylori


O Lactobacillus reuteri demonstrou ser capaz de aderir à mucosa e competir eficientemente com H. pylori, o que traz grande esperança de controlar essa infecção crônica. Já são vários trabalhos publicados mostrando sua eficiência (um deles está nos links abaixo).
O outro link mostra uma descoberta super-recente e importante para nós: L. reuteri tem capacidade de fixação nas mucosa gastrintestinal através da ligação com carbohidratos das mucoproteínas. 
Isso é uma descoberta muito importante porque complementa as explicações sobre a potência do L. reuteri em colonizar nosso aparelho gastrintestinal e competir com outras bactérias (muitas delas oportunistas para provocar infecções). Até agora sabíamos apenas dos potentes antibióticos naturais produzidos por L. reuteri (reuterina, reutericiclina, reutericina) que exterminam as outras bactérias (gram negativas, anaeróbias), mas preservando outros lactobacillus (probióticos).
Por isso me apressei em compartilhar com vocês essas informações.
Em 27 de março próximo estará ocorrendo o "I CONGRESSO BRASILEIRO DE DOENÇAS FUNCIONAIS DO APARELHO DIGESTIVO", em Pernambuco. Pelo programa vemos muitos temas ligados à importância da microbiota em várias doenças, entre elas doenças inflamatórias e obesidade.

Saudações.

www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3871281/pdf/10.1177_1756283X13503514.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3877078/pdf/pone.0083703.pdf

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

FLORA INTESTINAL e OBESIDADE

Finalmente a medicina começa a se debruçar sobre os papéis da flora intestinal no metabolismo do organismo. A publicação de "O CÉREBRO DESCONHECIDO", onde o autor - Prof. Helion Póvoa Filho - descreve diversas ações muito importantes do intestino, além de absorção e excreção, captou esse momento especial quando se começa a perceber a relação desse órgão com homeostase, regulação endócrina, eficiência imunológica e manutenção neurotransmissora. O mesmo autor, há anos, vinha propondo uma relação especial da permeabilidade intestinal com obesidade, que não foi, na época, considerada mais profundamente.
Agora, dezenas de artigos publicados, mostram que o papel da flora intestinal na obesidade é bem mais importante do que se imaginava. Aliás, do que não se imaginava. Artigos da Nature mostraram que uma microbiota mais pobre em espécies é compatível com acúmulo de peso. Por outro lado, diferentes pesquisas mostram que algumas das centenas de espécies que constituem os bilhões de bactérias e fungos que habitam o intestino humano podem gerar uma reabsorção não esperada de amido e açúcar no cólon. Isso é quase uma bomba, já que durante décadas não se supunha que além do intestino delgado (jejuno, duodeno e íleo) pudesse ocorrer absorção de nutrientes.
As bactérias metanógenas (produtoras de metano) e outras produtoras de hidrogênio (H2) podem interagir e aumentar consideravelmente a absorção de açúcar, inclusive conseguindo digerir polissacarídeos não digeríveis pelo nosso trato gastrintestinal. Um exemplo: as glucanas, que normalmente não produzem glicose nos humanos.
Methanobrevibacter smithii e Bacillus tethaiotaomicron aumentam sobremaneira a absorção de açúcares calóricos pelo organismo humano, levando a uma maior tendência de acúmulo de peso. Floras intestinais desequilibradas, com predomínio dessas bactérias podem estar relacionadas com obesidade.
Uma família bacteriana denominada Prevotella também mostra relação com aumento de peso em humanos. Outras bactérias do gênero Archae também podem estar associadas com obesidade.
Enfim, após décadas de estagnação, o interesse pela flora intestinal está aumentando vertiginosamente. Afinal, dos bilhões ou quase trilhão de bactérias intestinais apenas um pequeno grupo - lactobacilos - mereceu interesse médico nos últimos 50 anos. Essas bactérias simbióticas sempre demonstraram ser benéficas ao hospedeiro, por isso passaram a ser chamadas de PROBIÓTICOS. São muitas espécies conhecidas, L. acidophilus, L. rhamnosus, L. bulgaricus, L.  delbruekii, L. casei e muitas outras. Entretanto, uma espécie de Lactobacillus descoberta em 1980 no leite humano está mostrando nas pesquisas poderes surpreendentes.
Trata-se do Lactobacillus reuteri, o mais poderoso probiótico até agora investigado. Produzindo substâncias que eliminam a concorrência de outras bactérias (as nocivas), tais como reuterina, reutericlina e reutericina, L. reuteri simplesmente arrasa com as demais bactérias.
Um dos mais surpreendentes estudos acaba de ser publicado, tendo avaliado a capacidade de L. reuteri em eliminar o temível Helicobacter pylori. Foram estudados 100 portadores do H. pylori e os resultados mostraram que o probiótico foi capaz de erradicar o causador da gastrite e úlcera estomacal na maioria dos portadores testados.
Em outro campo de estudos, L. reuteri reduziu o ganho de peso em animais testados (camundongos), de forma impressionante. Mesmo quando os animais foram submetidos a dietas fortemente calóricas (fast food). Em se confirmando esses resultados em humanos, um gigantesco passo será dado em mais uma forma de combater a obesidade no mundo.
L. reuteri já está sendo oferecido em suplementos de probióticos nos EUA. No Brasil, foi pioneiramente oferecido por Avena farmacêutica, um laboratório de manipulação farmacêutica (www.avenanet.com.br).
Abaixo os links de dois artigos importantes sobre esta matéria.



Saudações aos alunos e ex-alunos.