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domingo, 19 de janeiro de 2014

Lactobacillus reuteri: o mais eficiente probiótico.

A denominação "probióticos" foi criada para se referir aos microrganismos simbióticos - os micróbios amigos - que habitam nosso organismo aos trilhões.
No trato gastrintestinal bilhões convivem na boca e intestinos, alguns conseguem viver na estômago. Um mal micróbio (patogênico) vem vivendo neste ácido órgão há muito tempo, e sua descoberta gerou um Prêmio Nobel de Medicina: o Helicobacter pylori, que foi associado com úlceras e gastrite crônica.

Barry J. MarshallJ. Robin Warren


Barry J. Marshal               J. Robin Warren

Ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina em 2005.


Helicobacter pylori


O Lactobacillus reuteri demonstrou ser capaz de aderir à mucosa e competir eficientemente com H. pylori, o que traz grande esperança de controlar essa infecção crônica. Já são vários trabalhos publicados mostrando sua eficiência (um deles está nos links abaixo).
O outro link mostra uma descoberta super-recente e importante para nós: L. reuteri tem capacidade de fixação nas mucosa gastrintestinal através da ligação com carbohidratos das mucoproteínas. 
Isso é uma descoberta muito importante porque complementa as explicações sobre a potência do L. reuteri em colonizar nosso aparelho gastrintestinal e competir com outras bactérias (muitas delas oportunistas para provocar infecções). Até agora sabíamos apenas dos potentes antibióticos naturais produzidos por L. reuteri (reuterina, reutericiclina, reutericina) que exterminam as outras bactérias (gram negativas, anaeróbias), mas preservando outros lactobacillus (probióticos).
Por isso me apressei em compartilhar com vocês essas informações.
Em 27 de março próximo estará ocorrendo o "I CONGRESSO BRASILEIRO DE DOENÇAS FUNCIONAIS DO APARELHO DIGESTIVO", em Pernambuco. Pelo programa vemos muitos temas ligados à importância da microbiota em várias doenças, entre elas doenças inflamatórias e obesidade.

Saudações.

www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3871281/pdf/10.1177_1756283X13503514.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3877078/pdf/pone.0083703.pdf

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

FLORA INTESTINAL e OBESIDADE

Finalmente a medicina começa a se debruçar sobre os papéis da flora intestinal no metabolismo do organismo. A publicação de "O CÉREBRO DESCONHECIDO", onde o autor - Prof. Helion Póvoa Filho - descreve diversas ações muito importantes do intestino, além de absorção e excreção, captou esse momento especial quando se começa a perceber a relação desse órgão com homeostase, regulação endócrina, eficiência imunológica e manutenção neurotransmissora. O mesmo autor, há anos, vinha propondo uma relação especial da permeabilidade intestinal com obesidade, que não foi, na época, considerada mais profundamente.
Agora, dezenas de artigos publicados, mostram que o papel da flora intestinal na obesidade é bem mais importante do que se imaginava. Aliás, do que não se imaginava. Artigos da Nature mostraram que uma microbiota mais pobre em espécies é compatível com acúmulo de peso. Por outro lado, diferentes pesquisas mostram que algumas das centenas de espécies que constituem os bilhões de bactérias e fungos que habitam o intestino humano podem gerar uma reabsorção não esperada de amido e açúcar no cólon. Isso é quase uma bomba, já que durante décadas não se supunha que além do intestino delgado (jejuno, duodeno e íleo) pudesse ocorrer absorção de nutrientes.
As bactérias metanógenas (produtoras de metano) e outras produtoras de hidrogênio (H2) podem interagir e aumentar consideravelmente a absorção de açúcar, inclusive conseguindo digerir polissacarídeos não digeríveis pelo nosso trato gastrintestinal. Um exemplo: as glucanas, que normalmente não produzem glicose nos humanos.
Methanobrevibacter smithii e Bacillus tethaiotaomicron aumentam sobremaneira a absorção de açúcares calóricos pelo organismo humano, levando a uma maior tendência de acúmulo de peso. Floras intestinais desequilibradas, com predomínio dessas bactérias podem estar relacionadas com obesidade.
Uma família bacteriana denominada Prevotella também mostra relação com aumento de peso em humanos. Outras bactérias do gênero Archae também podem estar associadas com obesidade.
Enfim, após décadas de estagnação, o interesse pela flora intestinal está aumentando vertiginosamente. Afinal, dos bilhões ou quase trilhão de bactérias intestinais apenas um pequeno grupo - lactobacilos - mereceu interesse médico nos últimos 50 anos. Essas bactérias simbióticas sempre demonstraram ser benéficas ao hospedeiro, por isso passaram a ser chamadas de PROBIÓTICOS. São muitas espécies conhecidas, L. acidophilus, L. rhamnosus, L. bulgaricus, L.  delbruekii, L. casei e muitas outras. Entretanto, uma espécie de Lactobacillus descoberta em 1980 no leite humano está mostrando nas pesquisas poderes surpreendentes.
Trata-se do Lactobacillus reuteri, o mais poderoso probiótico até agora investigado. Produzindo substâncias que eliminam a concorrência de outras bactérias (as nocivas), tais como reuterina, reutericlina e reutericina, L. reuteri simplesmente arrasa com as demais bactérias.
Um dos mais surpreendentes estudos acaba de ser publicado, tendo avaliado a capacidade de L. reuteri em eliminar o temível Helicobacter pylori. Foram estudados 100 portadores do H. pylori e os resultados mostraram que o probiótico foi capaz de erradicar o causador da gastrite e úlcera estomacal na maioria dos portadores testados.
Em outro campo de estudos, L. reuteri reduziu o ganho de peso em animais testados (camundongos), de forma impressionante. Mesmo quando os animais foram submetidos a dietas fortemente calóricas (fast food). Em se confirmando esses resultados em humanos, um gigantesco passo será dado em mais uma forma de combater a obesidade no mundo.
L. reuteri já está sendo oferecido em suplementos de probióticos nos EUA. No Brasil, foi pioneiramente oferecido por Avena farmacêutica, um laboratório de manipulação farmacêutica (www.avenanet.com.br).
Abaixo os links de dois artigos importantes sobre esta matéria.



Saudações aos alunos e ex-alunos.