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terça-feira, 14 de agosto de 2012

CONVIVENDO COM ESTRANHOS

Vovó, na saída para escola, recomendava: não falar com estranhos!
O que é estranho - pessoa, objeto, literatura, moda, etc... - sempre causou preocupação à sociedade. O que diria minha vó (ou dirá...) após a leitura desse artigo, onde falarei apenas um pouco, mas o suficiente para preocupar-nos sobre os ESTRANHOS EM NOSSO CORPO.
São tantas e de tantos os tipos as substâncias químicas que participam de nossa vida moderna que fica difícil até decidir por onde começar. Começo então pelo COPO. E pelo PRATO. E por tudo mais que usamos na cozinha, como recipientes. As PANELAS merecem atenção à parte, por causa do alumínio.
Mas, sobre os demais utensílios, gostaria de relembrar que em tão pouco tempo vimos a substituição quase que integral do uso de sabão por DETERGENTES sintéticos. O imenso grupo dos detergentes abriga uma classe - os tensoativos aniônicos - cuja origem é o petróleo,  enquanto fornecedor de hidrocarbonetos alquílicos e do benzeno. O mais usado é o ALQUILBENZENO SULFONATO DE SÓDIO (LAB), um produto assim sorrateiramente aprovado como inócuo lá nos anos 1960, já que não causa intoxicação aguda. Passados tantos anos desde então, a polêmica só faz crescer: o ALQUIBENZENO SULFONATO DE SÓDIO já é considerado o MAIOR POLUIDOR das águas fluviais e atingindo os mananciais. Para se ter uma ideia, os principais organismos mundiais de controle ambiental consideram a ausência ou menores teores do LAB (como é chamado, depois explico) a principal indicação de potabilidade da água, do ponto de vista químico.
Sua presença já foi detectada nos locais mais distantes e, na medida em que sua concentração é maior (acima de 0,1 parte por milhão), especialmente nas grandes cidades, a qualidade da água diminui muito.
Polêmicas à parte sobre seu potencial tóxico, o LAB definitiva e incontestavelmente AUMENTA A AGLOMERAÇÃO DE PARTÍCULAS TÓXICAS NA ÁGUA. Isso é um aspecto por demais importante quando falamos de água aqui no Brasil, onde os despejos industriais são muito pouco controlados, e os cidadãos das metrópoles pagam o alto preço por isso, ingerindo água sem a devida informação sobre os resíduos de metais pesados, do próprio LAB e sobre centenas de poluentes que acompanham os rios em sua captação para servir a população (clorocarbonados, alquenos, ácidos).
Bom, sobre o LAB prometi explicar o nome: é o LINEAR ALQUILBENZENO, que veio substituir um outro ainda pior, o ABS (alquil benzeno sulfonato ramificado). Este, o ABS, era o tal NÃO BIODEGRADÁVEL e, a partir de Decreto Federal (79094/77) ficou proibido para uso no Brasil, o que perdurou até o início dos anos 1980. Somente após é que o Brasil passou a usar o LAB, o biodegradável. Entretanto, a par de ser degradado por bactérias do ambiente, nunca ficou bem claro os subprodutos dessa degradação, ou se derivados tóxicos ou cancerígenos como o próprio benzeno presente na molécula, podem vir a surgir nessa degradação. E o pior, os estudos de toxicidade em longo prazo para o LAB são muito escassos e insuficientes: aqueles estudos onde animais são submetidos à ingestão de percentuais do produto na alimentação durante toda a sua vida, ou sua meia-vida. Isto devia incluir roedores, não roedores e primatas. Nada disso foi feito com o LAB e nós ingerimos quantidades ainda não definidas do produto!?
Vai depender da maneira como você LAVA os copos. E depois como ENXÁGUA os copos, os PRATOS, TALHERES, PANELAS . . . Sim, os resíduos de LAB num copo mal enxaguado podem superar tranquilamente os 0,1ppm considerados seguros.
Aí faço uma pergunta: você enxágua seus próprios copos? Em caso contrário, você sabe como são enxaguados e lavados os objetos que você usa para beber e se alimenta? Você tinha noção sobre o risco que corre diariamente?
Provavelmente não, porque tudo que não causa danos imediatos à saúde vem sendo negligenciado há anos pelo progresso e pela tecnologia. Veja como exemplo a polêmica dos celulares, que mereceu este ano um comunicado da OMS e ONU, onde consideraram aqueles especialistas não haver provas de que o uso do produto cause ou induza ao câncer. Só que ao final das considerações, incluíram uma recomendação: não é aconselhável seu uso por crianças! Caramba, que finalização mais tétrica!
Mas voltando à ingestão de resíduos de detergentes (LAB), é claro que isso não é nada tranquilizante. A troca da molécula não biodegradável pode ter nos oferecido um produto menos crítico para o ambiente, mas potencialmente mais perigoso se houver liberação de hidrocarbonetos tóxicos em sua biodegradação. O que podemos fazer? USAR SABÃO. Estes são obtidos pela conjugação de óleos naturais (coco, soja, milho) com hidróxido de sódio, levando a moléculas totalmente biodegradáveis e - o melhor - sem BENZENO em sua estrutura. Use sabão para lavar louças, panelas e até os alimentos. Use também na lavagem de roupas, pois existem sabões para uso em máquina de lavar também. Deixe que a indústria do detergente ataque dizendo que 1 tonelada de sabão consome mais energia para a produção... O que está em jogo é o FUTURO de sua SAÚDE.
Mudando o foco, é bom falarmos um pouco das crianças e do que elas gostam de beber ou comer. Aqui também os ESTRANHOS (tecnicamente chamados 'XENOBIÓTICOS') deitam e rolam. Nos refrigerantes, começamos pelos CORANTES artificiais que predominam! É bom lembrar que corantes LARANJAS ou VIOLÁCEOS podem conter grupos químicos cancerígenos (DIAZO N=N) com nitrogênio duplo. Seria bom evitar... Mas olha que são esses que as crianças preferem. Nos produtos tipo guaraná, convém ter cuidado com AMARELO de TARTRAZINA que pode causar alergias. Os menos perigosos são os incolores, tipo soda limonada e similares; mesmo assim a presença de ácido fosfórico pode levar a um excesso de fósforo na dieta e prejudicar a fixação do cálcio nos ossos. O ideal mesmo é beber sucos naturais de frutas ...  Mas ainda temos que considerar a presença de AGROTÓXICOS...
Bom esse é um capítulo importante no estudo dos ESTRANHOS ou XENOBIÓTICOS porque, em nosso país, o consumo deles é altíssimo. Estamos entre os 6 maiores consumidores de AGROTÓXICOS no mundo. O grande problema, como sempre falaram pesquisadores no Brasil (José Lutzenberger, Afonso Infurna Jr, Waldemar Ferrreira de Almeida, Ciro Pregnolatto), é a FALTA DE CONTROLE sobre o uso desses produtos na agricultura. Aliás, sempre que no Brasil se realizou programas, mesmo que pequenos, para análise dos resíduos dos agrotóxicos em cereais, frutas e legumes, eles estavam acima do permitido. E o pior é que os tais limites de segurança são altamente passíveis de questionamento, especialmente considerando que aqui no Brasil pouco se respeita o INTERVALO DE SEGURANÇA entre a última aplicação e colheita do alimento!!!
Precisamos ressaltar que muitos destes agrotóxicos possuem atividade cancerígena ou mutagênica em animais testados. Por isso há hoje uma forte tendência à busca dos chamados alimentos 'orgânicos', cultivados sem uso de agrotóxicos. Entretanto, é preciso checar as suas verdadeiras origens, para não sermos ludibriados novamente (We won't get fooled again - The Who). Uma das características dos vegetais 'orgânicos' é seu tamanho não muito avantajado e a presença de algumas imperfeições externas, alguns 'olhos pretos', que mostram a presença de fungos não patogênicos dos vegetais que não teriam se desenvolvido nos alimentos muito tratados com agrotóxicos, incluindo fungicidas vegetais.
O assunto dos agrotóxicos é tão grave que o governo deveria implementar um programa ROTINEIRO de análise de resíduos a partir dos alimentos que chegam às CEASAS e outros centros de distribuição. Só assim teríamos noção do que estamos ingerindo e poderíamos forçar [pelo único poder do consumidor: não consumir] a melhoria das condições desses vegetais. Aliás, como já aconteceu nos EUA quando os morangos foram apontados entre as frutas mais contaminadas com agrotóxicos. Após forte boicote da população durante meses, os produtores se reuniram e trabalharam o processo de cultivo dessa fruta, apresentando 2 anos depois produtos isentos de contaminação e examinados pelo órgão governamental de lá, a EPA (Environmental Protection Agency). Quando participei do projeto 'Otimização Ergonômica da Lavoura de Cana de Açúcar' em Campos dos Goytacazes (1980) - Armando (COPPE) e Wolney onde andam vocês? - verifiquei a mais absurda contaminação por MERCÚRIO dos agrotóxicos alquilmercuriais usados como fungicidas. Além de tantas pessoas inutilizadas ainda jovens, os aplicadores, a contaminação de açúcar foi constatada. Registre-se que desse maravilhoso trabalho em equipe (COPPE, ISOP/FGV e Ministério da Saúde) finalmente obtivemos a proibição dos mercuriais no Brasil.  Anvisa ou Inmetro, enfim, algum órgão tem que patrocinar essa causa com urgência, divulgando periodicamente os resultados na mídia. É isso aí, sem informação não há solução!!!
Bom, o tema dos ESTRANHOS em NOSSO NINHO é muito amplo mesmo, mas é indispensável ainda que resumidamente, abordar outro contaminante muito sério de nosso organismo, o ALUMÍNIO, alvo de tantos estudos do nosso eminente Professor HELION PÓVOA (o filho). Não há discussão sobre a TOXICIDADE do ALUMÍNIO para o ser humano e para todos os animais já estudados. Este metal invade o osso com a maior facilidade, ali instalando-se e expulsando o cálcio. Também se aglomera no cérebro, especialmente no tecido peri-neuronal, a GLIA, causando degeneração pelo aumento das espécies ativas do oxigênio, também conhecidos como RADICAIS LIVRES. Em boa parte de sua vida de pesquisador, o Prof. Helion nos alertou para o perigo desse contaminante e provou em seus estudos que, infelizmente para nós, ele pode ser absorvido no intestino, em condições alteradas: no aumento da permeabilidade intestinal. Em milhares de exames realizados em pacientes e voluntários para a pesquisa de alumínio no corpo a proporção de resultados de acúmulo do metal é a maior entre outros fortes candidatos, como o Chumbo, Mercúrio e Cádmio. Uma das explicações mais plausíveis para essa constatação é a maciça utilização de PANELAS de ALUMÍNIO no preparo dos alimentos. É comum se verificar o fundo das panelas muito danificado e com várias 'crateras', que demonstram a migração do metal da panela para o alimento. Estudos demonstraram que a contaminação do alumínio no cérebro contribui para agravar condições como demência e mal de Alzheimer.
A lista de ESTRANHOS é extensa ainda: conservantes, poluentes atmosféricos dos automóveis (além de gasolina, o freio), hidrocarbonetos polihalogenados, poliaromáticos e por aí vai. Quem paga essa conta no organismo? O FÍGADO. Este incansável laboratório de biotransformação que não para, que tenta o tempo todo desarmar as 'bombas' moleculares que ingerimos ou respiramos. Às vezes, coitado, na tentativa de desarmar ele ativa bombas ainda mais poderosas, como é o caso da AFLATOXINA presente no amendoim com muita freqüência. Quando ingerimos amendoim com essa toxina o fígado imediatamente a transforma num subproduto ainda mais carcinogênico, um epóxido triangular intermediário. O número de estudos sobre a incidência de CIRROSE NÃO ALCOÓLICA multiplicou-se e a prova está na MEDLINE! São centenas de artigos médicos sobre essa doença que é fruto inconteste do aumento dos XENOBIÓTICOS em nosso organismo.
PROTEGER O FÍGADO é a ORDEM DO DIA!!!! Ingerir ácido folínico, silimarina, ácido lipóico, os aminoácidos BCAA (os principais defensores do fígado) junto com ARGININA + ORNITINA + CITRULINA, tudo isso ajuda a proteger nosso incansável órgão metabolizador. Mas se não reduzir álcool (jamais beber diariamente, mesmo que uma taça de vinho; nunca ingerir mais do que 75ml de álcool por evento ~ 5 chopps), enlatados, acrilamida da batata frita e abolir cigarro, pouco vai adiantar...
Bom assunto não falta para esse tema, falta mesmo é tempo (meu e de vocês, não é?) Se quiserem saber mais agora estou também no Facebook (Celio Mendes Almeida). É só perguntar que eu respondo, ok?
Abcs a todos.
Celio Mendes.

Um comentário:

  1. Celio,
    Bom Dia!
    O que tem a dizer sobre uma formulação de detergente com os componentes:
    Lauril Éter Sulfato de Sódio (% em peso: 5-10)

    Dietanolamida de ácido graxo de coco (% em peso: <5)

    Álcool Etílico (% em peso: 1-5)

    No aguardo,
    Obrigado!
    Fabiano Costa (mnsa.br@gmail.com)

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