Já venho escrevendo sobre esse fascinante tema há algum tempo, inclusive em postagens mais antigas. Mas, assistindo à brilhante aula do brilhante Prof. Ítalo Salzano no CENTRO DE ESTUDOS HELION PÓVOA (abaixo o endereço), me senti motivado a retomar essa conversa com vocês.
Primeiro: somente em 2010 finalmente foram enunciadas as primeiras definições para Restrição Calórica. Inicialmente, há várias décadas atrás, falava-se em 20 a 40% de redução na ingestão diária de calorias. Restrição severa foi considerada na faixa de 45%. A ingestão média da população foi recentemente estipulada em 2.700kcal/dia para a população masculina - a feminina é cerca de 10 e 15% menor.
As definições recentes falam entre 16 a 25% de redução calórica, possivelmente porque valores mais altos, na faixa de 40%, podem trazer efeitos colaterais como baixa de imunidade. Uma redução de 25% na redução calórica diária da população, sem dúvida, traria ganhos imensos para a saúde. Estamos falando na adoção imediata da ingestão diária de 2.000kcal nos primeiros 3 meses. Somente após poderíamos prosseguir com segurança para atingir a tão sonhada meta dos 1.800kcal/dia e até 1.500kcal/dia.
Segundo: redução de calorias sim, porém restrição de nutrientes NÃO! Por isso a importância do acompanhamento médico/nutricional, pois já foram registrados casos em que, por conta própria, pessoas fizeram programas de redução não só de calorias, mas também dos nutrientes vitais (vitaminas, minerais, oligoelementos), por ignorância. Não esqueçamos que alguns minerais como zinco, cromo, selênio, molibdênio, cobre, entre outros, aparecem no organismo em quantidade mínima, mas indispensável. Assim, redução de grupos de alimentos que afetem estes oligoelementos pode trazer sérias consequências à saúde.
Terceiro: indiscutivelmente a única maneira cientificamente reconhecida para aumentar a longevidade é a restrição calórica. Por isso estamos diante de uma dupla opção pela saúde, reduzir a ingestão calórica é certamente o modo mais simples de reduzir o peso corporal e traz, em longo prazo, o aumento de nossa vida útil!
ARMADILHAS CALÓRICAS: acabei de jantar 4 colheres de arroz (160kcal), 2 conchas de feijão (40 kcal), 2 colheres de abobrinha refogada (30kcal), uma porção de couve (15kcal) e um ovo cozido (80kcal). Somando tudo dá 325kcal. Uma fatia grande de pizza portuguesa oferece 380kcal!!! Portanto, cuidado com as bombas calóricas, por mais tentadoras que sejam. Lógico que não podemos apenas estigmatizar a pizza, é apenas um exemplo. Todos os petiscos são altamente calóricos, empadas, bolinhos fritos, biscoitos (especialmente os recheados 1 unidade = 20kcal). Imagine uma criança de 8 anos que come todo dia um pacote com 20 unidades!
Auxílio oportuno: como a ciência está sempre atenta, já vêm sendo pesquisadas substâncias naturais que simulam estados de restrição calórica. São os chamados "Miméticos da Restrição Calórica" sobre os quais tantos estudos estão sendo publicados.
Resveratrol: o mais antigo nas pesquisas, aquele que se encontra no vinho tinto. Mas não só no vinho, aliás o teor de resveratrol no vinho nem é tão significativo assim, o que quer dizer que para obter doses satisfatórias deste antioxidante seria necessário beber várias taças por dia, o que implica em nocivo consumo de álcool etílico. Aliás, os estudos nutricionais das últimas décadas mostraram que o resveratrol está distribuído em muitas frutas, não só na uva. Todas as frutinhas vermelhas (chamadas berries) estudadas mostraram teores significativos do resveratrol. Amendoins também contém resveratrol. Frutas vermelhas ainda não bem estudadas podem conter também resveratrol (amora, pitanga).
Kaempferol: um flavonóide que despontou grandiosamente nas pesquisas sobre perda de peso, é um dos importantes componentes da famosa dieta do Mediterrâneo, famosa por proporcionar mais saúde cardiovascular e menor incidência de câncer. Aliás, os mecanismos anticâncer associados ao kaempferol estão cabalmente demonstrados. A principal fonte de kaempferol é a alcaparra. Seguem-se cebolinha, couve e agrião.
Fisetina: o mais recente que vem sendo pesquisado. Já é considerado um dos mais potentes ativadores das sirtuínas, as enzimas responsáveis pelos efeitos benéficos da restrição calórica. Estudos com fisetina mostram que, além do seu marcante efeito mimético da restrição calórica, ela inibe as temíveis metástases cancerígenas. As principais fontes de fisetina são louro, caqui e pepino.
Todos esses componentes estão sendo usados na suplementação nutricional em caráter preventivo das doenças cardiovasculares e câncer ou na busca de auxílio na perda de peso. Tenho em minha biblioteca eletrônica centenas de artigos sobre os três que posso enviar aos interessados. Vejam esse:
* Centro de Estudos Helion Póvoa: Rua Martins Ferreira 75, Rio, palestras às 5ª feiras 10h, entrada franca.
Saudações a todos.
Celio Mendes.
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