A reunião do GRUPO DE ESTUDOS HELION PÓVOA na última quinta feira, 27/8, foi um grande sucesso de público, como lotação esgotada. Possivelmente teremos que ampliar a capacidade do salão no Hotel Copamar, o que nos deixa muito felizes por estarmos conseguindo germinar a semente deixada pelo nosso saudoso Professor Helion Póvoa.
O tema da reunião, OSTEOPOROSE: aspectos inflamatórios, foi apresentado por este que vos escreve, conforme resumo aqui abaixo. ATENÇÃO: próximas reuniões 24/9 e 29/10. Não percam!
Osteoporose: aspectos inflamatórios.
O assustador crescimento de osteopenia e osteoporose na população mundial
está levando os cientistas a buscar um entendimento mais profundo sobre a
fisiopatologia e etiologia desta doença, considerando o prognóstico nem sempre
favorável, que pode levar à incapacitação física precoce.
Conforme o saudoso Professor Helion
Póvoa Filho, a incidência pandêmica desta patologia obriga a uma reflexão
profunda sobre uma infinidade de fatores que podem estar relacionados (fig. 1).
Podemos dizer que, à excessão do Estresse Oxidativo, todos os fatores
incluídos no diagrama de Póvoa ao lado, têm sido bem investigados.
Recentemente, entretanto, importantes
pesquisas revelaram aspectos fundamentais para o entendimento da expansão da
osteoporose.
Após décadas tentando
explicar a doença por diversas teorias – baixa hormonal, déficit nutricional
de vitamina “D” e cálcio, sedentarismo – pesquisas evidenciaram que a perda do
equilíbrio entre os fatores antioxidantes
endógenos e o ligante
dos receptores ativadores do fator NFkB (RANKL) representa um aspecto imprescindível ao entedimento da propagação mundial
da osteoporose. Nessas pesquisas foi descoberta uma proteína – OSTEOPROTEGERINA [OPG] – cujo papel na regulação dos osteoclastos parece ser decisivo. A ela
cabe a missão de interceptar o RANKL, evitando que ligue aos receptores
ativadores do NFkB e disparando, assim, o conjunto de ações
pró-inflamatórias (liberação de citoquinas, fatores quimiotáxicos,
leucotrienos) que ataca destrutivamente a matriz óssea. Nesse ataque
desenfreado, a ação oesteogênica dos osteoblastos é suplantada cumulativamente
pela reabsorção óssea nos osteoclastos, contribuindo para a rarefação óssea,
osteopenia e, finalmente, osteoporose.
OPG x RANKL:
RANKL ativa NFkB e, por sucessivos mecanismos,
estimula a diferenciação de osteoclastos. Osteoprotegerina, por sua vez, impede a ligação de RANKL nos receptores RANK, protegendo o osso da desmineralização. Pode-se dizer que todas as
pequisas que abordam o componente inflamatório da osteoporose consideram este
antagonismo biológico como um divisor de
águas, que define o momento em que se perde a homeostase no metabolismo do
osso, levando ao catabolismo e osteopenia. A ligação de RANKL no
receptores RANK promove imediatamente uma sequência de ações inflamatórias que
ativam a diferenciação de osteoclastos (osteoclastogênese), que, neste nível,
somente pode ser impedida pela liberação da OPG produzida
nos osteoblastos. É uma proteína pertencente à família das glicoproteínas, codificada pelo gene TNFRSF11B, composta por 401
aminoácidos. Curiosamente, a produção de OPG é estimulada por hormônios estrogênicos e pelo estrôncio, um elemento mineral cuja necessidade biológica ainda não foi definida.
Sabemos, entretanto, que esse elemento – estrôncio – está
presente no corpo humano em quantidades superiores aos próprios oligelementos (cobre,
manganês, cromo, selênio, molibdênio) todos considerados essenciais ao metabolismo humano. A quantidade média
de estrôncio no organismo é de 350mg, cabendo avaliar a dosagem adequada por
kilograma de peso corporal a fim de evitar substituição de cálcio por estrôncio
na matriz óssea. Conforme a EPA (Environmental Protection Agency), a dosagem de
estrôncio para suplementação humana que não oferece qualquer risco de acúmulo é
de 1mg/kg de peso, podendo chegar a 2mg/kg no caso de osteoporose avançada.
ESTRESSE OXIDATIVO:
O acúmulo de espécies reativas do oxigênio (ROS) figura na
atualidade como um dos fatores etiológicos mais importantes na destruição da
matriz óssea e na consequente osteoporose [1].
Estudos sobre o papel do radical hidroxila (HO•) na deterioração do tecido ósseo chamam a atenção para as enzimas catalase, glutathione peroxidase e peroxiredoxinas, responsáveis pela metabolização do peróxido de hidrogênio (H2O2). Estas enzimas transformam o H2O2 em água, evitando o acúmulo de hidroxila e já foi demonstrado que o excesso de H2O2 é nocivo à homeostase celular. Pesquisa recente mostra que a primeira enzima a falhar no sistema antioxidante endógeno é a CATALASE, levando à involução precoce do timo e envelhecimento [2].
Recente
pesquisa detectou o perigo que representa a deficiência de catalase com o
avanço da idade, levando à aceleração da atrofia do timo, comprometendo a
eficiência do sistema imunológico. No osso o equilíbrio entre RANKL x OSTEOPROTEGERINA é comprometido na mulher pela menopausa, com a
diminuição dos níveis de estrogênios. Estes hormônios, além de atuarem como
antioxidantes, são estimulantes dos genes que promovem a síntese de
osteoprotegerina.
Como é muito
importante o equilíbrio RANKL x OSTEOPROTEGERINA, outros mecanismos externos contribuem
significativamente para mantê-lo em homeostase: os ANTIOXIDANTES da dieta. A ingestão e a suplementação de CAROTENÓIDES, FLAVONÓIDES,
VITAMINAS e MINERAIS são de suma importância
para revertermos esse quadro crescente da expansão de hiperatividade dos
osteoclastos, cuja consequência é a osteopenia e osteoporose.
CAROTENÓIDES:
Nesta classe de nutrientes destacam-se LICOPENO
e BETACAROTENO na prevenção e tratamento da osteoporose.
LICOPENO: os estudos publicados [3-6] deixam evidências de que este carotenóide
exerce importante ação na recomposição óssea. Independente de sua ação
antioxidante, licopeno demonstrou um mecanismo específico sobre os
osteoclastos, inibindo a reabsorção e desmineralização óssea. Embora vários
estudos conclusivos tenham sido feitos em cobaias animais, uma pesquisa
interessante foi realizada por Mackinnon
[6] e sua equipe, em Toronto (Canadá), submetendo mulheres voluntárias a uma
dieta sem licopeno durante 1 mês (23 voluntárias). Foram medidos no período os
marcadores de estresse oxidativo (TBARs, SOD, CAT, GPx) e da reabsorção óssea (NTx – N-telopeptídeo do colágeno I). Após o
período de teste os autores verificaram que CAT e SOD diminuíram
acentuadamente, com GPx ligeiramente aumentada, dados que refletem um aumento
do radical livre HO• pela queda de CAT, obrigando a um resposta da GPX. A
diminuição da SOD leva, obrigatoriamente, ao aumento do H2O2,
gerador de HO•.
Na
figura ao lado vemos a sequência de formação das ROS: formação do anion superóxido (O2-), passível de neutralização parcial pela enzima superóxido dismutase (SOD). Entretanto,
ha-vendo excesso de O2-, haverá maior exigência de catalase. Isso pode
acarretar em deficiência momentânea de CAT,
levando ao acúmulo de H2O2 , matéria prima para a formação
da ROS mais agressiva: HO• (estudos recen-tes provaram que O2- não é suficientemente reativo para promover peroxidação
lipídica nem para romper a homeostase no tecido ósseo.
Daí a importância das enzimas das famílias glutathione peroxidase (GPx) e peroxiredoxinas (Prx). São elas alternativas vitais para a
neutralização do radical H2O2, levando-o, de forma
semelhante à CAT, ao desdobramento em H2O. Assim a produção de HO•
pode ser mantida em níveis aceitáveis, fisiopatologicamente falando.
Na figura Ao lado vemos a reação de neutralização
do peróxido de hidrogênio pela enzima GPx, com o fornecimentos de dois átomos
de hidrogênio (2H+) pelo substrato e antioxidante L-glutathione. Tal a
importância desse sistema alternativo antioxidante que o nível do L-glutathione
na célula é considerado um dos marcadores vitais de viabilidade celular. Em se
tratando de um tripeptídeo tão importante (L-Glutamato + L-Cisteína +
L-Glicina) sintetizado nas células, os estudos sobre a sua biossíntese e dos
seus precursores foi abordado intensamente, quando descobrimos que L-Cisteína é
componente limitante de sua formação, assim como a enzima Glutamina-Cisteína
Ligase, no primeiro passo da junção dos aminoácidos (Glutamina + Cisteína). O
uso recente de N-Acetil Cisteína nas patologias respiratórias visa o aumento
dos níveis de L-Glutahtione no aparelho
respiratório, onde exerce marcante função na redução das ROS e da consequente
resposta imune com intensa produção de muco.
BETACAROTENO:
Este
carotenóide foi um dos mais estudados do ponto de vista médico, face à sua
importante atuação como antioxidante no metabolismo do olho e como precursor da
vitamina A. Algumas pesquisas sobre a densidade mineral do osso incluíram a
avaliação de suplementação com betacaroteno e mostraram resultados
surpreendentes. Na prestigiosa revista científica “Bone” foi publicada a pesquisa de Chen e cols [7] em 2015 que incluiu 2101 mulheres e 1053 homens sob
avaliação nutricional em relação à ingesta de b-caroteno. Ficou evidente para os autores que
os indivíduos que informaram maiores índices de ingestão de betacaroteno
apresentavam maior índice de BMI (bone
mineral index).
Zhaoli Dai e cols [8] publicaram sua pesquisa sobre a ingestão de
carotenóides e o índice de massa óssea em 2014, com resultados irrefutáveis
sobre o benefício da ingestão desses nutrientes para os pacientes com risco de
fratura de bacia. A conclusão foi de que os pacientes que ingeriram os maiores
índices de carotenóides [>4577mg/1000kcal]
apresentaram menor índice de fraturas.
O estudo de Tadaishi e cols [9] abordou a associação
de isoflavanos com b-caroteno na inibição da osteoclastogênese,
obtendo êxito principalmente na associação com genisteína e equol (este um
metabólito comum nas isoflavonas).
FLAVONÓIDES e POLIFENÓIS:
Nesta classe de nutrientes destacam-se
QUERCETINA, KAEMPFEROL, FISETINA e LUTEOLINA na prevenção e tratamento da
osteoporose.
QUERCETINA:
Flavonóide
bastante conhecido pelos estudos médicos realizados, caracteriza-se por sua
marcante ação antinflamatória e antihistamínica, tendo ficado conhecido por
atuar estabiizando a membrana dos mastócitos e regular a liberação de histamina
proveniente dessa células.
Um aspecto
relevante na ação de quercetina é sua capacidade de estimular osteogênese pela
ativação de genes pertinentes, como Osx, Runx2, BMP-2, Col-1, OPN, OCN. São
genes envolvidos desde o transporte de cálcio para os ossos, a proliferação de
osteoblastos e a modulação dos osteoclastos. Vários estudos demonstraram essas
propriedades da quercetina [10-12]. Braun
& cols mostraram ser a quercetina capaz de ativar enzimas antioxidantes
– HO-1 e SOD-1 – em osteoblastos humanos
[13]. A literatura relacionada com as propriedades osteogênicas da
quercetina é bastante significativa, da qual relacionamos em nossa bibliografia
os artigos mais pertinentes [10-17].
KAEMPFEROL:
Começou a
ser estudado mais recentemente, mesmo assim já produziu um volume considerável
de literatura médica relevante nas áreas de câncer, lipólise e osteogênese.
Alguns mecanismos osteogênicos do kaempferol são originais, como a descoberta
do fator estimulador dos osteoblastos
(OGF: osteoblast growth factor). Em sua pesquisa Long & cols [18] demonstraram que este flavonóide promoveu
proliferação de osteoblastos MC3T3-E1 derivados de células renais. Os autores
concluíram que existe um mecanismo renal de interferência e regulação na função
de osteoblastos, bem como em sua proliferação.
Diversas pesquisas com kaempferol [18-21] mostram a eficácia de kaempferol na promoção da homeostase óssea, através da modulação de NFATc-1 (nuclear factor of activated T cells c1). Este fator é preponderante na ativação das enzimas digestoras da proteína óssea e desmineralização nos osteoclastos, ao inibí-lo o kaempferol atua como anti-osteolítico. Aliás, outro flavonóide – FISETINA – também exerce essa atividade, como vemos na figura ao lado. Inibição da IL- 1b é importante ação de KAEMPFEROL na preservação do osso, assim como a ativação da SIALOPROTEÍNA [22].
FISETINA:
Este
flavonóide é pouco difundido nos alimentos, porém é encontra-do no louro (L. nobilis) em quantidades significativas. Fisetina é considerada hoje um dos mais imp ortantes agentes anticancerígenos, visto que
inibe várias modalidades de metástases, especialmente a ação das
metaloproteinases que permitem a invasão de novos órgãos pelas células
cancerígenas. Mas, além dessa relevante propriedade médica, fisetina apresenta marcante ação
osteogênica e anti-osteolítica. Ela exerce profunda inibição sobre RANKL, com
já vimos anteriormente, um gatilho mais importante para o início da
diferenciação e ativação dos osteoclastos. Muitas publicações dão esse relato
[23-26], mostrando a perfeita indicação deste bioflavonóide como agente de
proteção ao tecido ósseo. Uma outra publicação que chamou bastante atenção, de
2014, foi a pesquisa de Leotoing &
cols [27] que descobriu a ação de fisetina sobre o gene controlador da
proteína estimuladora do osteoblasto – OSTEOCALCINA – através do fator Runx2.
Assim, fisetina é ao mesmo tempo osteogênica e anti-osteoclastogênica.
APIGENINA:
Outro flavonóide que se encontra em efervescente conjunto de pesquisas devido às suas surpreendentes ações – anticancerígeno, regulador do estresse oxidativo no retículo endotelial, osteogênico. Em d ois estudos [28-29] foram evidenciados efeitos otimizadores de apigenina e seu glicosídeo xilopiranosídeo sobre osteopontina, Runx2 e fosfatase alcalina, demonstrando esse conjunto de fatores uma extraordinária atividade osteogênica. A disponibilidade de apigenina pura não está confirmada no momento aqui no Brasil, mas a sua principal fonte entre os alimentos é a salsinha (Petroselinum crispum), entretanto, na camomila (M. chamomilla) é que encontramos o maior teor deste flavonóide, especialmente nas flores.
Extatos de boa qualidade
e padronizados pelo glicosídeo apigenina 7-O-glicosídeo podem ser encontrados
no mercado brasileiro em teores de 1%, em média [30].O flavonóide
LUTEOLIN mostrou interessante capacidade de reverter a toxicidade de H2O2
em osteoblastos cultivados [31]. Em outra pesquisa [32] ficou demonstrado a
propriedade osteogênica de mineralização nos osteoblastos tratados com
luteolin. Mais pesquisas confirmam a ação antinflamatória de luteolin, suprimindo
TNF-a e p38, proteinas pro-inflamatórias [33]. Entre várias pesquisas sobre a
ação antinflamatória, Sung & cols demonstraram que LUTEOLIN antagoniza o
fator NFkB e ainda estimula a enzima antioxidante heme-oxigenase 1 [34].
Com a descoberta de que o acúmulo de peróxido
de hidrogênio (H2O2) é nocivo às células do sistema imune
e também à membrana celular lipoproteica e à composição proteica da matriz
óssea, vários pesquisadores têm se didicado à busca de antioxidantes que possam
compensar a eventual falta de catalase, precocemente diminuída no metabolismo
humano.
LUTEOLIN:
Com a descoberta de que
o acúmulo de peróxido de hidrogênio (H2O2) é nocivo às
células do sistema imune e também à membrana celular lipoproteica e à
composição proteica da matriz óssea, vários pesquisadores têm se didicado à
busca de antioxidantes que possam compensar a eventual falta de catalase,
precocemente diminuída no metabolismo humano.
O flavonóide
LUTEOLIN mostrou interessante capacidade de reverter a toxicidade de H2O2
em osteoblastos cultivados [31]. Em outra pesquisa [32] ficou demonstrado a
propriedade osteogênica de mineralização nos osteoblastos tratados com
luteolin. Mais pesquisas confirmam a ação antinflamatória de luteolin, suprimindo
TNF-a e p38, proteinas pro-inflamatórias [33]. Entre várias pesquisas sobre a
ação antinflamatória, Sung & cols demonstraram que LUTEOLIN antagoniza o
fator NFkB e ainda estimula a enzima antioxidante heme-oxigenase 1 [34].
CURCULIGOSIDE:
Trata-se de um polifenol contido no
fitoterápico ayurvedico Curculigo
orchioides. Pesquisas com curculigoside comprovam sua potente ação
antioxidante no seio da matriz óssea e a capacidade de diminuir a expressão dos
osteoclastos. Nestas pesquisas [35-40] ficou evidente a ação estimulante de CURCULIGOSIDE
na diferenciação de osteoblastos na medula óssea, mesmo em ratas
ovarioctomizadas.
Entretanto, um dos aspectos mais interessantes nestes
estudos foi a descoberta [38] de que CURCULIGOSIDE contém a expansão de H2O2
nos osteoblastos, minimizando, assim, a liberação de radical hidroxila e a
consequente degeneração da matriz óssea. CURCULIGOSIDE é, de fato, um
antioxidante poderoso e dotado de rara capacidade de solubilização nas
proteínas e lipoproteínas, atingindo os tecidos alvo com mais eficiência, o que
vem se comprovando repetidamente e especialmente contra o aumento dos níveis de
H2O2.
ISOFLAVONAS:
São
flavonóides presentes na soja que exibem fraca atividade hormonal estrogênica e
marcante ação antioxidante. O produto mais ativo é o metabólito equol [52], obtido após passagem
hepática das isoflavonas. Os
estudos efetuados em países orientais, principalmente o Japão, comprovaram a
ação osteoprotetora /osteogênica das isoflavonas. Atualmente, pesquisadores [50-53]
ratifi-cam os efeitos benéficos das isoflavonas para o tecido ósseo, mostrando
efeito surpreendente sobre a homeostase óssea: o aumento da oferta de
OSTEOPROTEGERINA nos osteoclastos, regulando a atividade reabsortiva [50].
Interessante
é considerar, entretanto, o que alguns cientistas vêm relatando sobre os
efeitos das isoflavonas no ocidente, que nem sempre reproduzem os resultados
obtidos em mulheres orientais. Segundo essas pesquisas a biotransformação das
isoflavonas e a oferta dos metabólitos mais ativos, entre eles o equol, depende
da flora intestinal, bastante diferente entre essas populações. Algumas destas
bactérias estão sendo denominadas equol-produtoras e começam a ser
identificadas: Eubacterium limosum,
Eggerthella sinensis, Eggerthella hongkongensis são as primeiras
descobertas – algumas cepas de Clostridium parecem igualmente transformar
isoflavonas em equol. Segundo Rafii [54] a população ocidental aproveita cerca
de 20 a 30% das isoflavonas ingeridas, contra 50 a 60% das orientais. Portanto,
a eficiência da suplementação com isoflavonas é superior nas populações onde
tais bactérias são residentes, merecendo ajuste na dosagem tradicionalmente
consagrada nos países orientais (entre 50 e 100mg/dia). O fator de correção
biológica para as ocidentais poderia ser 2, perfazendo doses diárias entre 100
e 200mg.
VITAMINAS e MINERAIS:
TOCOTRIENÓIS:
·
Muhammad & cols: avaliaram em animais a evidência de estresse
oxidativo e acentuada perda óssea. Foi proposto o uso de antioxidantes para
prevenir e reverter a osteoporose pós-menopáusica, utilizando como pesquisa um
modelo animal. A suplementação com tocotrienóis reduziu os níveis IL-1 e IL-6,
além de osteocalcina. Na conclusão, os autores descrevem que os tocotrienóis
preveniram a perda óssea reduzindo o intenso “turn-over” associado com a
deficiência estrogênica [42].
·
Abdul-Majeed, Mohamed & Soelaimain exploraram os efeitos osteogênicos das
estatinas, combinando com os tocotrienóis, quando se obteve efeitos sinérgicos
na recuperação da massa óssea [43].
·
Ahmad, Khalid, Luke, Ima & Nirwana concluíram que os tocotrienóis do óleo de
palma restauraram o metabolismo ósseo de forma mais eficiente do que o
tocoferol, reduzindo os marcadores inflamatórios como IL-1 e IL-6 [44].
Outras
publicações relevantes confirmam a indicação dos tocotrienóis no tratamento e
prevenção da inflamação da matriz óssea, com comprovada melhoria na degeneração
e reabsorção [45-48]. O conceito do “Complexo E” está sendo, gradativamente,
consolidado à medida em que as propriedades médicas dos TOCOTRIENÓIS vão se
ampliando com as pesquisas.
Tocotrienóis (a, b, d, g) são encontrados juntos com os tocoferóis em fontes naturais (óleo de palma, cevada). Os tocoferóis e tocotrienóis
se completam na atividade antioxidante – os tocotrienóis, ao serem estudados,
mostraram propriedades médicas mais importantes do que os análogos tocoferóis.
Juntos, tocoferóis + tocotrienóis constituem o COMPLEXO “E”, a verdadeira e
completa vitamina E (49).
VITAMINA MK7:
Entre todas
as formas da vitamina K2, a MK7 é a mais eficiente na estimulação óssea.
Entretanto, é a forma mais carente na alimentação, recomendando com frequência
a suplementação nutricional. Existem duas formas de vitamina K – K1 e K2. Ambas
exercem papéis importantes no organismo, sendo que K1 atua predominante-mente
na coagulação e K2 também no osso e sistema cardiovascular. A vitamina MK7
possui uma meia vida biológica maior, entretanto a diferença de atuação deve-se
às diferenças na cadeia carbônica lateral (figura 7).
VITAMINA D3:
DEFICIÊNCIA DA VITAMINA D: muito tem se discutido em relação aos níveis de vitamina D na população [56], com a publicação de muitos estudos mostrando níveis abaixo do ideal nas medidas plasmáticas. Alguns cientistas já propuseram aumento no limite de RDA para a vitamina D, hoje 400ui/dia. A prática de suplementação com 1000ui/dia está sendo disseminada após os estudos onde a estatística mostrou um elevado número de indivíduos com baixos níveis plasmáticos de vitamina D (<20ng 100ng="" 30="" 40="" 60ng="" a="" assunto="" canad="" certa="" como="" considerado="" controv="" e="" em="" enquanto="" entre="" estudo="" eua="" h="" i="" ideal="" mais="" momento="" n="" neste="" no="" o="" os="" outros="" pa="" pertence="" publicado="" recente="" recomendados="" rsia="" s="" ses="" sobre="" veis="">Alkerwi & cols, 20ng>
CÁLCIO:
Por várias décadas a suplementação com cálcio foi considerada a medida
mais importante e imediata para tratamento ou prevenção da osteoporose. Embora
ainda permaneça útil, essa abordagem mudou bastante após os avanços sobre esse
tema. Hoje sabemos que o fator mais complicador com relação ao cálcio não é
propriamente sua ingestão, mas sim a sua condição absortiva. Como já vimos na
figura 8 são tantos fatores proteicos e hormonais envolvidos na absorção do
cálcio, que não podemos nos restringir a analisar somente a sua deficiência na
dieta, que aliás também é descrita em muitos estudos antropométricos. Embora os
dados no Brasil sejam esparsos, os trabalhos de Cozzolino e cols (fig. acima)
mostram que entre nós, também, encontramos dietas com insuficiência diária de
cálcio, considerando a RDA de 1200mg/dia.
ESTRÔNCIO:
O primeiro
relato de efeitos positivos do estrôncio sobre a osteoporose foi feito por Mccaslin & Janes [57], em 1959. No
trabalho, os autores relataram que 84% dos pacientes tratados com 1,7g do
elemento experimentaram melhora durante a pesquisa [57-63]. Em 1961 Storey [58] publicou o primeiro estudo
consistente sobre os efeitos do elemento sobre o osso – o autor publicou
diversos trabalhos de investigação sobre estrôncio [59-60]. Storey avaliou, também, outros elementos e possíveis
interferências na fixação do cálcio e foi um dos primeiros a relatar a
influência negativa do excesso de fósforo neste aspecto [61].
Porém, foi Skoryna [63] o primeiro a registrar a
afinidade do elemento pelo tecido ósseo.
O autor relatou melhorias nos pacientes tratados com 274 a 1750mg por dia de estrôncio,
nas formas gluconato e carbonato.
Ratificando
as primeiras suposições de que o estrôncio promovia crescimento ósseo Marie, Garba & cols [64] avaliaram a
administração desse elemento na forma de SrCl2. Os autores observaram que doses
de 0,19% na dieta de estrôncio em ratos promoveram até 10% de aumento no volume
trabecular, sem efeitos tóxicos. Os autores sugeriram que o mecanismo de ação
não seria por aumento do calcitriol ou interferência com o PTH. Hoje há fortes
indícios de que o mecanismo de ação do estrôncio no osso seja através da
estimulação da OSTEOPROTEGERINA, um antagonista do RANKL (ligante do receptor
ativados do NFkB), este que funciona como um gatilho do processo inflamatório
no osso.
No caso da
suplementação de estrôncio é preciso considerar que se trata de um mineral
ainda não reconhecido como biológico, ou seja, necessário ao metabolismo
humano. Além disso o conteúdo médio do estrôncio no organismo é 350mg, o que
nos faz refletir sobre doses que ofereçam 680mg/dia. Não sabemos ao certo as
consequências, em longo prazo, das doses que vem sendo praticadas,
correspondente por dia ao dobro de todo o estrôncio que temos no organismo –
sabe-se que o estrôncio se fixa no osso e, quando em excesso, pode substituir o
cálcio na liga proteica.
Segundo a
EPA (Environmental Protection Agency – USA), as doses consideradas sem efeitos
toxicológicos varia entre 1 e 2mg/kg de peso humano, pelo que deveríamos adotar
esse nível de suplementação do estrôncio que é, sem dúvida, um agente
comprovadamente osteogênico e anti-osteolítico.
CISSUS QUADRANGULARES:
Cissus quadrangularis é um capítulo à parte da nova terapêutica da
osteoporose. Trata-se de um fitoterápico originário de regiões da África e Ásia
que vem sendo utilizado há séculos na medicina local, como antinflamatório e
analgésico.
Recentemente
diversas pesquisas (65-69) estão comprovando cientificamente essas propriedades
no tecido ósseo e cartilaginoso, o que fortalece a indicação do fitoterápico em
processos degenerativos como artrite e artrose, além da osteoporose.
Na
fisiopatologia da artrite os mecanismos inflamatórios evidenciados são
provenientes especialmente da influência do fator inflamatório NFkB, este que
pode ser estimulado por diversos agentes do metabolismo oxi-redutivo, os
radicais livres do oxigênio e também por elementos originários do metabolismo
do ácido araquidônico (prostaglandinas e leucotrienos). Metaloproteinases
também são liberadas no processo inflamatório, causando ampla destruição de
condrócitos e tecidos moles.
Cissus
quadrangularis vem apresentando potencial antinflamatório considerável com
especial afinidade pelo tecido cartilaginoso e medular, além de atuar
decisivamente na osteogênese e conter a expansão dos osteoclastos.
Assim, esse
conjunto de ações, indica o fitoterápico para o controle de doenças como
artrite reumatóide, artrose, osteopenia e osteoporose.
Na figura ao
lado, adaptada de Kanwar & cols (65),
vemos o efeito antinflamatório de Cissus quadrangularis em condrócitos
adicionados de IL-1B, um dos mais importantes agentes inflamatórios
na artrite e artrose. O significativo aumento de viabilidade celular com a
adição deste fitoterápico demonstra claramente seu efei-to benéfico. O aumento
de células viáveis foi proporcional à concentração de Cissus.
C. quadrangularis significantemente induziu a regeneração das proteínas da cartilagem. Marcadores infla-matórios como IL-1B aumentaram os níveis de metaloproteinase MMP-3, porém com a adição de Cissus os níveis baixaram claramente, assim como MAPK (mitogen activated protein kinases). Evidentemente Cissus quadrangularis protegeu as células do processo inflamatório e de apoptose.
Cissus
quadrangularis aumentou a expressão dos fatores anabólicos para a cartilagem
enquanto inibiu o fator NFκB, impedindo a progressão da osteoartrose. A
expressão genética de colágeno tipo II e AGRECAN, blocos para construção da
cartilagem, aumentou significantemente com Cissus
quadrangularis. SURVIVINA, um membro da família de inibidores da apoptose,
também foi encontrada elevada com o tratamento por Cissus, favorecendo à
proliferação de condrócitos e reparação dos tecidos moles inflamados.
As
metaloproteinases MMP-1, MMP-3, MMP-9, MMP-12, MMP-13, MMP-14, e o fator
necrótico DESINTEGRINA, todos foram reduzidos na presença do extrato de Cissus
quadrangularis.
Célio Mendes
ResponderExcluirQuando eu crescer, QUERO SER IGUAL A VOCÊ.
Maria José Rabha
Olá Célio, tudo bem?
ResponderExcluirAchei seu texto muito completo, mas será que você poderia citar as fontes?
Obrigado