Em nossas JORNADAS CIENTÍFICAS no GEHP (Grupo de Estudos Helion Póvoa) vínhamos constantemente alertando sobre o abuso no consumo dos medicamentos inibidores da prótons H+, encabeçados pelo OMEPRAZOL.
Ao atuarem na base da formação do ácido clorídrico no estômago, reduzindo a oferta de H+ para formação do HCl, esses medicamentos diminuem MUITO a acidez estomacal.
O QUE PRECISAMOS ENTENDER: a acidez do estômago é a principal barreira antimicrobiana que temos para os produtos que ingerimos ou "engolimos" involuntariamente, como, por exemplo, os perdigotos suspensos no ar, ricos em vírus!
Se reduzimos essa barreira de proteção, o risco à nossa integridade biológica aumenta consideravelmente, prejudicando a hormese. Um pequeno aumento no pH estomacal (alcalinização) já propicia maior viabilidade para a entrada nos intestinos de microrganismos não desejados - por isso precisamos da acidez correta - na faixa de pH 1,5 a 2,0.
O crescimento considerável de colonização por Helicobacter pylori na mucosa estomacal já é um outro indício de como ficamos mais vulneráveis ao ataque por bactérias quando o pH está menos ácido. Trata-se de assunto tão sério que, há poucos anos, a pesquisa sobre esse tema foi agraciada com Nobel de Medicina.
RISCO DE CÂNCER: de acordo com pesquisa publicada recentemente (31 de outubro de 2017), avaliando mais de 60.000 pacientes em tratamento com medicamentos da família PPIs (omeprazol, pantoprazol e lanzoprazol) tiveram 2,4 vezes mais risco de câncer de estômago. Vejam o resumo científico do artigo publicado:
A revista que publicou (Gut) é um periódico especializado em aparelho digestivo, detentora de grande credibilidade.
O QUE PRECISAMOS REPENSAR: será que tratar somente os sintomas é a solução? A inclinação imediata perante as queixas de dores gástricas e epigástricas é a prescrição de antiácidos e inibidores de acidez - entre estes últimos, lembramos que os velhos antagonistas H2 (cimetidina e cia LTDA) não foram relacionados com o risco de câncer (éramos felizes e não sabíamos!!!). Principalmente mediante evidências nos exames de imagens, a tendência é imediata de prescrever.
Entretanto, a pergunta que não quer calar: PORQUE? De que modo ocorrem as irritações e lesões no tubo digestivo, esôfago, estômago e intestinos? De que forma essa acidez aumentada (!) provoca as lesões?
Precisamos repensar esse tratamento com PPIs, principalmente quando em longo prazo, porque não podemos omitir que ALIMENTAÇÃO, MASTIGAÇÃO, DEGLUTIÇÃO, USO DE ÁLCOOL e FUMO, tudo isso são fatores que levam aos problemas na mucosa gastrintestinal.
ALIMENTAÇÃO: insuficiência de fibras, excesso de amido, comida muito quente, grandes intervalos sem alimentação, todos são fatores que predispõem a irritação e inflamação das mucosas. Prescrever PPIs ou antagonistas H2 sem a orientação e correção desses problemas levam a falsas sensações de "cura" paras as esofagites, gastrites e colites.
MASTIGAÇÃO e DEGLUTIÇÃO: normalmente processos insuficientes nos hábitos atuais, onde a mastigação é diminuída e a deglutição acelerada. Ambos são contribuintes para as irritações de mucosas gastrintestinais.
ÁLCOOL e FUMO: sem dúvida são reconhecidos fatores que predispõem para gastrites, assim como BEBIDAS GASOSAS.
MUCO: salve! Nosso grande e real protetor da mucosa - evidências provam que a redução de muco é o principal responsável pelas irritações gástricas e intestinais.
Assim, vemos, rápida e resumidamente, quanto trabalho temos pela frente para diminuir a incidências dos distúrbios do aparelho digestivo, especialmente do tubo digestivo, neste caso. Fígado e pâncreas, esses dois sacrificados, serão objeto de outro artigo em breve, diante da avassaladora onda de DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (NAFLD - non alchoolic fat liver disease).
No GEHP tenho apresentado um SLIDE, com um lado um tanto humorístico, sobre os PPIs:
No contexto das palestras falo sobre os efeitos colaterais do uso contínuo desses medicamentos, especialmente os prejuízos causados à microbiota intestinal, já que um grande número de bactérias pode atravessar incólume essa barreira enfraquecida do suco gástrico, pelo uso de PPIs, causando grande transtorno à flora intestinal, gerando inflamação e resposta imunológica local, com perigoso AUMENTO DA PERMEABILIDADE INTESTINAL, como alertava nosso grande cientista e saudoso PROFESSOR HELION PÓVOA FILHO.
Dicas de PROTETORES GÁSTRICOS NATURAIS, com poucos efeitos colaterais.
L-GLUTAMINA: aminoácido e antiácido natural e estimulador do MUCO. Também é o principal combustível para os fagócitos. Pode ser usado em doses de 0,5g a 2,0g em sachets para dissolução na água.
L-GLICINA: aminoácido com marcante ação antiácida, no estômago. De 0,5 a 2,0g em sachets.
HIDRÓXIDO DE MAGNÉSIO: antiácido de ação local, para uso em crises. Evitar o uso de Hidróxido de Alumínio, que pode deixar resíduos desse metal que é tóxico ao organismo. De 100 a 150mg, pode ser dissolvido em copo com água.
MATRICARIA CHAMOMILA: uso na forma de chás ou de extrato seco associado aos sachets com os aminoácidos, possui terpenos que apresentam atividade anti-H2 like.
MAYTENUS ILICIFOLIA: tradicional fitoterápico (espinheira santa) com comprovada ação cicatrizante e calmante da mucosa.
FIBRAS: pectina + psyllium + glucomannan + goma guar + inulina (200mg de cada nos sachets).
Continuamos depois, porque o assunto é muito amplo e importante. A saúde começa (e acaba) pela boca. Ditado de origem oriental, possivelmente chinesa.
Célio Mendes
ResponderExcluirAgradeço a Deus por sua vida, por suas pesquisas, competência, inteligência brilhante e disponibilidade de compartilhar SEMPRE, como fazia nosso queridíssimo, genial e generoso Prof. Hélion Póvoa. Muito, muito obrigada. Que Deus o cubra de abundantes bênçãos em toda sua vida.
Querida amiga! Que bonito e confortante o que me escreveu! Obrigado, de coração.
ExcluirMuito importante seus esclarecimentos!!Parabéns Celio!!!
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