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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

GORDURA INFLAMADA

Hoje, quase 4 anos após a publicação do artigo "Em Busca da Homeostase Bioenergética",  no CBM, vejo que se confirmou mais ainda a tese da Gordura Inflamada. A comprovação cabal de que neutrófilos e macrófagos são atraídos para dentro da massa adiposa abdominal por fatores quimiotáxicos, como MCF (macrophage chemotactic factor), MCP-1 (monocyte chemmoatractant protein-1), TNF-alfa, todos liberados pelos adipócitos super volumosos, é sim um fator de perpetuação do acúmulo gorduroso no abdome.
O fato é que os adipócitos são células capazes de um aumento singular no seu volume total, um aspecto fundamental na adaptação biológica dos mamíferos ao longo de dezenas de milhares de anos. Essa capacidade, assim como a forma de armazenar gordura no seu interior - os triglicerídeos - são prodígios que a natureza desenvolveu para tornar a vida desses seres superiores, chegando até os humanos. Os triglicerídeos, por exemplo, são fruto de uma engenharia biológica incrivelmente funcional, pois, tendo o glicerol como base, anexa até 3 cadeias de ácidos graxos longos (> 14 C), podendo ser "dobrado" dentro do adipócito de forma muito compactada, provendo energia de reserva para muitas horas e até dias sem conseguir alimento.
Tudo isso é muito impressionante, mas, nos dias de hoje, toda  essa engenharia biológica volta-se contra nossa saúde, por motivos já conhecidos: disponibilidade de comida (industrialização e agricultura) e diminuição avassaladora na atividade física.
Assim, a balança sobe cada vez mais, dizendo adeus à homeostase bioenergética. Muita energia acumulada no corpo, peso em ascendência contínua, problemas de saúde aos montes (resistência à insulina, diabetes, doenças cardiovasculares), tudo fruto do peso descontrolado. Além dessas, a péssima notícia de que a estatística mundial sobre câncer mostra uma relação direta com a obesidade.
É difícil saber que soluções a medicina terá para controle da pandemia de excesso de peso, já que a inversão desse binômio excesso de comida x baixa atividade física parecer ser uma estrada sem volta na humanidade. As casas já acendem as luzes ao comando de voz... O computador também... E o delivery de tudo aumenta cada vez mai.
Um caminho bem interessante foi iniciado pelos pesquisadores liderados por Ronald Evans, do Salk Institute, nos Estados Unidos. Eles apostam na simulação de refeições através do disparo de ácidos biliares provocado por um pretenso medicamento: FEXARAMINE. Este produto atua estimulando os receptores Fxr, que enviam fortes mensagens ao cérebro sobre a saciedade e são capazes de ativar a "queima" das gorduras pelo caminho natural: lipase adipocitária, proteínas de transporte de ácidos graxos (FABP ou Acyl Carriers), sistema CPT1/CPT2 (transferência de ácidos graxos longos para o interior da mitocôndria) e, por último, o sistema de beta-oxidação.
Quando essa orquestra funciona afinada, certamente a redução do acúmulo de gordura acontece. A FEXARAMINA deve levar ainda alguns anos para ser liberada como medicamento e, segundo os testes até agora realizados, é a única substância que acrescente algo novo no combate à obesidade. Os resultados em animais são impressionantes.
A Fonte da Sabedoria: o que poucos sabem é que a molécula da FEXARAMINA tem parte da estrutura de um composto natural encontrado no CYNNAMON (canela): os cinamatos. Teria Evans se inspirado nestes fitocompostos para desenhar sua nova molécula?
A canela tem sido usada há milhares de anos na alimentação humana e há relatos de que possui elementos químicos que auxiliam a redução calórica no corpo. Um outro fitocomposto, o FORSKOLIN, apresenta forte ação agonista sobre os Fxr - essa associação poderia ser interessante enquanto fexaramine não vem...
CYNNAMON extract + FORSKOLIN.
Mas, outro aspecto que ganhou muita importância é a ação antinflamatória de compostos como KAEMPFEROL e FISETINA sobre a gordura branca abdominal. Por características químicas moleculares, estes compostos atuam penetrando na quase intransponível massa gordurosa e desarmam a infiltração celular comandada pelas citocinas já citadas acima.
Aí sou eu que aposto: não dá para pensar em redução abdominal sem um sistema antioxidante ativo (dieta rica em rica em antioxidantes + antioxidantes suplementares), que possa diminuir a infiltração celular que aumenta sem parar nos obesos.
É muita coisa para a gente estar falando de uma vez só, então vamos dividir em capítulos. Na próxima 4ª feira continuo com vocês!

Abcs a todos.

Celio Mendes.

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