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quarta-feira, 10 de maio de 2017

SARCOPENIA DO IDOSO 4

Concluindo essa série sobre a SARCOPENIA do IDOSO, convém abordar dois aspectos interessantes:

1. Inflamação no Tecido Muscular
2. Problemas com absorção de nutrientes (aminoácidos) no idoso.


INFLAMAÇÃO e PERDA MUSCULAR:
Infelizmente um grupo de medicamentos muito receitado para pessoas com mais de 50 anos, as ESTATINAS, tem sido associado à disfunção mitocondrial e problemas com a perda de tecido muscular. Tivemos casos extremos, como o do proscrito medicamento CERIVASTATINA (Lipobay), causador de várias mortes por rabdomiólise - um quadro grave de degeneração muscular aguda.
Veja abaixo um detalhe sobre esse triste caso de medicamento que se torna veneno:

Depois dessa tragédia moderna não esperada (a última tinha sido a talidomida nos anos 1960) todas as estatinas ficaram sob vigilância farmacológica. As mais antigas, lovastatina e sinvastatina, foram as mais estudadas e as que detém maior registro de usuários no mundo, portanto a clínica no uso desses dois ativos dá um respaldo de farmacovigilância razoável. Mesmo assim, testes mostraram que doses mais elevadas de ambas podem gerar um percentual de pacientes com dores musculares.
Há inclusive uma recomendação de uso da COENZIMA Q10 (50mg) quando houver necessidade da prescrição de estatinas, que vários médicos já estão seguindo.
Não há como negar que esses medicamentos possam ter alguma influência na sarcopenia do idoso, principalmente se considerarmos que alguns pacientes estão em uso ininterrupto dessas drogas por mais de 10 anos. Portanto, é bom ficar atento a esses pacientes, principalmente se forem sedentários ou com pouca atividade física.
OPÇÕES: temos alternativas seguras para o músculo e que dão bom resultado no ajuste das dislipidemias, especialmente os níveis elevados de CT (colesterol total). 
Uma delas é a levedura de arroz, rica em TOCOTRIENÓIS, Já falei bastante sobre essa parte esquecida da vitamina E, mas sempre é bom lembrar que esses compostos naturais tem um efeito muito positivo sobre a lipidemia e apresentam efeito similar às estatinas sobre a enzima hidroximetilglutaril CoA (HMG CoA), o que resulta em diminuição da síntese hepática do colesterol.
Outra opção igualmente segura é o uso da VITAMINA B3 - ÁCIDO NICOTÍNICO na forma do complexo HEXANICOTINATO DE INOSITOL, que não causa flush e ajuda bastante a reduzir LDL-c e ainda aumenta o HDL.

PROBLEMAS com ABSORÇÃO de NUTRIENTES e PROTEÍNAS.
É sabido que os alimentos que apresentam maior dificuldade de absorção são as proteínas. Isso porque o processo de clivagem das longas cadeias proteicas é bastante complexo e possui várias etapas. Considerando que no intestino somente aminoácidos monoméricos e dipeptídeos podem ser absorvidos, o início da degradação da cadeia proteica é muito importante, ainda no estômago, sob ação da enzima PEPSINA. Para que isso ocorra satisfatoriamente, o pH estomacal tem que estar com a acidez adequada, ou seja, abaixo de 2. Por isso tenho alertado sempre para o abuso de OMEPRAZOL, hoje um produto que se compra em balcão de drogaria sem o menor controle. É o que chamo de GERAÇÃO OMEPRAZOL, abusando dessa droga que minimiza efeitos imediatos de irritação gástrica, mas deixa uma conta a pagar: diminuição do poder de defesa da barreira natural do estômago contra microrganismos nocivos e redução na eficiência da digestão dos alimentos.
NOS IDOSOS: nessa população a eficiência dos processos enzimáticos digestivos é notória, sendo que o grupo mais afetado o das proteínas. Tanto que vários médicos obtém resultados significativos em seus pacientes idosos pela simples prescrição de enzimas digestivas após as refeições. Neste particular o uso de enzimas resistentes ao pH ácido é bem mais favorável, por exemplo, as enzimas provenientes de culturas de fungos Aspergyllus, disponíveis para uso na terapêutica humana (para preparo por manipulação farmacêutica). Enzimas alcalinas, como pancreatina (pool de enzimas proteases e lipases), enzimas vegetais (bromelina e papaina) são menos aproveitadas quando interagem com pH ácido do estômago.
As enzimas denominadas "ácido-resistentes" são indicadas para os pacientes idosos com perda na potência digestiva, em doses de 100 a 200mg - tanto de protease como de lipase. Podem ser formuladas em cápsulas e assim contribuírem para a melhoria na digestão dos alimentos.

SUPLEMENTOS com AMINOÁCIDOS e PROTEÍNAS:
Se a condição digestiva estiver muito comprometida, a opção por uso de AMINOÁCIDOS é melhor, porque dispensa a fase de hidrólise das cadeias peptídicas. Nesse caso o uso de um suplemento tipo "AMINO-E", que elaborei após algumas pesquisas, é bastante favorável, porque supre os 8 aminoácidos essenciais, dos quais o organismo obtém os demais. Um detalhe, o acréscimo de Cisteína e Taurina é importante porque suas vias de obtenção nos idosos costumam estar prejudicadas. Aqueles que necessitarem saber a fórmula favor me escrever no e-mail: cmendes99@gmail.com que enviarei com prazer.
Os suplementos com proteínas devem ser vistos com cuidado. Há algum tempo um programa de televisão noticiou uma avaliação de produtos contendo WHEY PROTEIN, onde a presença de AMIDO foi considerável. Portanto, o melhor é usar o WHEY PROTEIN hidrolizado e puro, que pode ser obtido em farmácias com manipulação.

ASPECTOS DA SÍNTESE MUSCULAR:
A síntese de proteínas musculares é um fenômeno complexo, que envolve não só aminoácidos como também catalisadores. Um dos mais importantes é o ZINCO, seguido de CROMO e VANÁDIO. Estes minerais são essenciais que a construção muscular precisa. No idoso, com certa frequência tem sido verificada deficiência de zinco, pois a condição absortiva desse elemento também depende de uma cloridria adequada, um fato que não raramente é diagnosticado deficiente nestes idosos. A suplementação com zinco quelado com aminoácido HISTIDINA pode corrigir com facilidade essa possível deficiência, tomando cuidado para não exagerar nas doses (até 50mg/dia é o ideal).

PROTEÇÃO AO MÚSCULO:
No idoso a proteólise está mais ativada do que nos indivíduos jovens. Por isso a reposição de proteínas musculares (actina e miosina) não consegue ser suficiente para balancear a demanda metabólica. Há alguns anos os cientistas descobriram que existem algumas formas de "enganar" o metabolismo e preservar um pouco mais o músculo, através do uso de sinalizadores metabólicos como o HMB (hidrometil butirato) e KIC (cetoiso caproato), ambos derivados do catabolismo do aminoácido do grupo BCAA - L Leucina.
Dessa forma, a administração desses catabólitos não tóxicos as proteases musculares são compelidas a diminuírem sua atividade, preservando as fibras musculares. Há muitos estudos publicados com HMB na proteção muscular de atletas e idosos:


Um programa que englobe:
  • Atividade Física Especializada para o Idoso
  • Suplementação para Atenuar a Fadiga ao Exercício (Creatina + Aspartato)
  • Protocolo de Enzimas Digestivas para Melhorar a Condição Absortiva (Proteases ácido-resistentes)
  • Suplementação com aminoácidos essenciais (AMINO-e) e proteína hidrolisada de boa qualidade, isenta de amido e outras fontes não proteicas
  • Supervisão farmacológica para minimizar os efeitos das estatinas nos pacientes em uso dessas drogas ou
  • Uso de suplementos protetores do músculo (HMB + KIC)
  • Substituição do protocolo de estatinas por Tocotrienóis + Hexanicotinato
  • Acompanhamento Nutricional para compensação de eventuais distorções alimentares
Pode ser bastante eficiente para evitar o desenvolvimento desse quadro de SARCOPENIA que reduz tão drasticamente a qualidade de vida do idoso.




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