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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A ARTE DA FORÇA

O sucesso no esporte, em todas as suas modalidades, depende da força muscular e da resistência. Até algumas décadas atrás a chave para o sucesso residia somente no treinamento. A partir da década de 1980 a incorporação de novos conhecimentos na área nutricional e o aprofundamento na bioenergética, permitiram uma significante melhora na performance através da chamada "suplementação nutricional avançada".
Podemos dizer que, hoje, todos os atletas de ponta estão sob protocolo contínuo de suplementação avançada e o ganho nos resultados é indiscutível.
Quando se fala em FORÇA, pensamos diretamente na envergadura da massa muscular. Entretanto, o "feed" desse músculo, a disponibilidade de mioglobina, oxigênio e fontes bioenergéticas (do glicogênio aos nitrocompostos) são fatores determinantes na eficiência da força muscular.

MIOGLOBINA: sendo uma forma especial de hemoglobina, exclusiva do músculo, essa proteína distribuidora de oxigênio é muito importante. A demanda de energia no esforço é muito rápida e acelera, naturalmente, a queima de glicogênio e açúcar, levando a um aumento instantâneo de PIRUVATO, que ao ser transformado em ACETIL CoA, pode acessar ao ciclo de Krebs e à Cadeia Respiratória Mitocondrial. Nesse processo o corpo produz de 34 a 38 moléculas de ATP, o combustível número 1 para o músculo. Acontece que, o aumento muito rápido na oferta de PIRUVATO no músculo pode levar ao seu acúmulo e, como consequência, na insuficiência de oxigenação, teremos a acidose láctica. Esse ÁCIDO LÁCTICO que por vezes se acumula, especialmente no esforço intenso, é um problema: a acidose pode lesionar as fibras musculares, causar inflamação e dor intensa. A história de "NO PAIN, NO GAIN" é relativa: dor que se mantém após 24 horas do treinamento é consequência de lesão muscular importante. É fato que a cicatrização dessas lesões "aumenta" o músculo, mas convém lembra que se isso acontece com muita intensidade podemos ter problemas futuros para o atleta, como fibrose muscular. Assim, evitar a acidose e lesões é um padrão para manter a saúde do atleta, especialmente após o término da carreira competitiva. Um suplemento que auxilia a evitar o acúmulo de ácido láctico é a associação de BISSULFETO DE TIAMINA + ÁCIDO R-ALFA LIPÓICO.

O DIFERENCIAL DA MIOGLOBINA: como a mioglobina capta o oxigênio liberado pela hemoglobina, sua afinidade pelo O2 tem que ser maior. Neste aspecto, um diferencial marcante entre ambas, MIOGLOBINA e HEMOGLOBINA, é a proximidade do aminoácido L-HISTIDINA, que faz com que o o oxigênio forme uma ligação muito mais estável com a mioglobina. Veja na figura:


Repare na proximidade da L-Histidine da molécula de O2 na mioglobina, gerando maior afinidade na ligação do oxigênio. Um dos fatores genéticos pré-determinantes de elevada qualificação atlética é o nível de mioglobina basal do indivíduo - quanto maior mais capacitado  será para o esforço.
A suplementação com o aminoácido L-Histidine não tem sido muito cogitada no atletismo, mas pode ser um fator auxiliar na manutenção de níveis adequados de mioglobina - deve ser acompanhada por profissional de saúde qualificado, porque as dosagens são importantes (excesso de L-Histidine pode aumentar os níveis de histamina no sangue). Importante: sempre que suplementar com L-Histidine associar com beta-Alanina, pois propicia a formação de L-Carnosina e evita o acúmulo de L-Histidine livre.

MIOSTATINA: esse hormônio tem por finalidade controlar a expansão do músculo, regulando o crescimento da massa muscular. Por isso, a busca por inibidores da miostatina tem sido um objetivo da pesquisa sobre os suplementos avançados para os atletas. Entre os poucos disponíveis, podemos citar o peptídeo conhecido como FOLLIDRONE. Através dessa composição de fitoantioxidantes, é relatado o estímulo ao peptídeo FOLLISTATIN - um antagonista natural da miostatina. Os principais componentes do FOLLIDRONE são a epigalocatequina e floroglucinol (H. lupulus).

O COMBUSTÍVEL (ATP): muito relevante na eficiência do esforço é a disponibilidade de ATP no músculo. Conforme os estudos pioneiros do grande cientista brasileiro Prof. Paulo Lacaz, o organismo recicla cerca de 85% do ATP no gasto basal. Isso mostra que nosso corpo é uma eficiente máquina de ENERGIA LIMPA. Apenas 15% do ATP usado durante um dia de vida é proveniente de uma nova síntese, ou, como ficou convencionado nas apresentações de Prof. Lacaz aos cientistas americanos, a síntese "de novo" (único verbete em português na linguagem técnica internacional).
Pois bem, no esforço essas proporções mudam um pouco. Mas, diante desta grandeza da reciclagem do ATP no corpo, é preciso que estudemos a fundo todos os mecanismos dessa reciclagem, para, assim, auxiliarmos o organismo a enfrentar o esforço. Há dois sistemas simultâneos de recuperação do ATP: um dependente de oxigênio e outro não.

RECUPERAÇÃO do ATP (via anaeróbia): quantitativamente é o mais significativo, utilizando doadores de fosfato (Pi) para repor nos produtos degradados do ATP (ADP e AMP). Dos doadores de Pi, a CREATINA é o mais eficiente e estudado até hoje. Há inúmeras pesquisas comprovando a segurança e eficiência da suplementação com creatina nos atletas de todas as modalidades, especialmente modalidades de "endurance" - incluindo UFC.


RECUPERAÇÃO do ATP (via aeróbica): este sistema funciona dentro das mitocôndrias, sendo dependente do sistema NADH / NAD+ (vitamina B3), porém tem a limitação do oxigênio, cujo consumo aumenta muito no esforço e pode prejudicar sua eficiência.
A modulação desses metabólitos e sua suplementação podem aumentar sobremaneira a capacidade de resistência ao esforço, sendo muito adequado às modalidades de resistência, triatlon, fundistas, nadadores, futebol, UFC.


A SÍNTESE "DE NOVO" do ATP: no caso do esforço, as necessidades de novas moléculas do ATP são imprescindíveis. Os principais formadores de ATP são D-RIBOSE, ADENINA (glicina + aspartato + THF). Muitos estudos provam como a suplementação com D-RIBOSE aumenta os níveis de ATP, diminuindo os indicadores de destruição do ATP (xantina, hipoxantina, ácido úrico).

PRÓXIMO ARTIGO: preservação do músculo, anticatabólitos e inibidores da proteólise muscular.


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