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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

SARCOPENIA DO IDOSO

PARTE 2:
Um dos aspectos que contribui para a sarcopenia do idoso é a disfunção mitocondrial, um ônus da idade, mas que também pode ser acelerado por fatores tóxicos à mitocôndria, como sobrecarga de lipídios para a beta-oxidação e deficiência de antioxidantes dos complexos II e III:


Como vemos, o superóxido gerado no COMPLEXO I deverá ser reduzido pela ação do sistema RIBOFLAVINA/FADH2. Os níveis dessa vitamina na matriz mitocondrial são de vital importância para a manutenção da homeostase mitocondrial e a suplementação ao idoso deve ser bastante considerada, especialmente de sua forma pré-ativa, a RIBOFLAVINA 5-FOSFATO, pois facilita a formação do complexo FAD/FADH. No idoso há uma queda natural no metabolismo e pode ocorrer diminuição da ativação endógena do complexo B, que transcorre no fígado sob ação de enzimas específicas fosforilases. Sugerimos a suplementação com RIBOFLAVINA 5-P na fórmula abaixo:

Riboflavina 5-P .............. 30mg
NADH ...........................   5mg
Niacinamida ................... 50mg
Benfotiamina ................. 50mg
Tomar uma cápsula duas vezes ao dia.

O NADH para o idoso é muito importante, devido à diminuição da formação do nucleotídeo a partir da  NIACINAMIDA. A BENFOTIAMINA é uma grata inovação no campo vitamínico, com a transformação da TIAMINA exclusivamente hidrossolúvel, numa molécula similar e com parcial capacidade de ser lipossolúvel, o que aumenta absurdamente a sua penetração nas membranas.
Outro aspecto importante na homeostase mitocondrial é o bom funcionamento do sistema SODMn/GPX. Essas enzimas antioxidantes são necessárias para reduzir o superóxido e o peróxido de hidrogênio, respectivamente. O aporte orgânico de MANGANÊS é crucial para o bom funcionamento da SOD mitocondrial, diferentemente da SOD citoplasmática, dependente de zinco e cobre.
A ação da enzima SODMn sem a correspondente e proporcional ação da GPX (glutathione peroxidase) pode ser catastrófica para a mitocôndria em nível muscular e, especialmente, em nível cerebral. Vejam as descobertas que foram feitas sobre a síndrome de Down onde a trissomia 21 gera um desequilíbrio brutal entre a ação da SOD (super expressão) e da GPX (baixa expressão), ocasionando um acúmulo deletério de peróxido de hidrogênio, o qual vai aumentar descontroladamente os níveis de radical HO•, altamente lesivo para a mitocôndria e a própria célula.
Assim, o aporte de MANGANÊS para o correto funcionamento da SODMn, e de SELÊNIO para a GPX são fundamentais e deve ser objeto de análise, uma vez que sua suplementação pode resultar em surpreendente melhora da condição de sarcopenia.
Mas, talvez o mais importante sistema antioxidante da mitocôndria seja mesmo o COMPLEXO "Q": ubiquinona, ubiquinol e pirroloquinolina quinona (PQQ). Este conjunto de antioxidantes atua no COMPLEXO MITOCONDRIAL II, para impedir a expansão dos radicais superóxido na cadeia respiratória mitocondrial, o que seria danoso para a liberação de ATP final.


Tanto a UBIQUINONA (receptora de elétrons) quanto o UBIQUINOL (doador de H+) atuam como antioxidantes, complementando um a ação do outro, num sistema redox de grande perfeição. O Ubiquinol doa elétrons também, porém juntamente com H+ e pode corrigir estruturas desemparelhadas na última camada eletrônica que necessitem de poucos elétrons para atingir o octeto ou par estável. Por isto a importância da suplementação de ambos ao idoso, considerando, entretanto, a diferença entre os gradientes de absorção de cada um, conforme o gráfico abaixo:



Vejam que, para manter níveis plasmáticos equivalentes, são necessárias doses superiores de UBIQUINONA em relação ao UBIQUINOL. Os estudos de biodisponibilidade mostram uma relação de 8:1 de UBIQUINONA/UBIQUINOL. Considerando a dose mínima de 200mg para o idoso, teríamos 25mg de ubiquinol para administração oral, preferencialmente duas vezes ao dia, perfazendo o total de 400mg + 50mg ao dia.



Verifica-se que nos animais idosos a biodisponibilidade plasmática do Ubiquinol é muito maior ainda, o que reforça a tese de que na sarcopenia do idoso a administração dessa forma reduzida da ubiquinona é importante.

Vejam agora como decaem os níveis dos membros do complexo "Q" nos idosos:



Quanto à PQQ, as descobertas sobre sua ação proeminentemente estimuladora da gênese mitocondrial credenciam essa biomolécula com um dos fatores muito importantes na suplementação ao idoso, especialmente os que apresentam sarcopenia progressiva.


Podemos sugerir uma suplementação na SARCOPENIA DO IDOSO:
Manganês glicina quelado ............... 7,5mg
Selênio metionina quelado ........... 120mcg
Ubiquinona .................................... 200mg
Ubiquinol ......................................... 25mg
PQQ .................................................. 5mg
Tomar 1 cápsula duas vezes ao dia.

Um aspecto muito importante para a estimulação da mitocondriogênese é o exercício físico, que no caso do idoso precisa ser muito bem acompanhado pelo médico, dado às características peculiares de cada um e considerando a larga ocorrência de distúrbios cardio-respiratórios na população idosa. Podemos dizer que uma prática física com pouquíssimas contra-indicações seria a caminhada 4km/hora, iniciando com 15 minutos 4 vezes na semana e aumentando gradativamente para até 40 minutos diários. O fator que diminui a adesão à prática física no idoso, especialmente na fase inicial (1ª semana) é a fadiga muscular, pela existência de sarcopenia em algum grau ou por dificuldades de oxigenação muscular. Para contornar e evitar o abandono precoce do programa de exercícios para o idoso seria conveniente prepará-lo metabolicamente:
  • CREATINA: por ser o regerador de ATP isento do uso de oxigênio, apenas pela reposição de grupamentos fosfato ao AMP e ADP, é um suplemento altamente recomendado na preparação para o início do programa de exercícios. Pode-se fazer a suplementação com 1g/dia uma semana antes do início dos exercícios e mantendo-a após o início, 20 minutos antes do exercício. Na figura abaixo vemos como a CREATINA-P atua regenerando os nucleotídeos parcialmente consumidos (AMP e ADP), aumentando, assim, a resistência à fadiga, através da reciclagem do ATP. É importante lembrar que, a partir do AMP, só há uma pequena chance de resgate o nucleotídeo, através do ASPARTATO. Entretanto, após a transformação em HIPOXANTINA, não é mais possível recuperar o ATP, gerando a necessidade da síntese de novo, como bem descreveu o emérito e saudoso Prof. Paulo da Silva Lacaz.

A degradação do ATP:



CREATINA e ASPARTATO são importantes opções para a fadiga muscular e também auxiliam bastante na recuperação da SARCOPENIA do IDOSO.
Creatina Monohidratada ............... 1g
Aspartato de Magnésio ...............0,5g
Administrar 1 dose em cápsulas ou sachê 20 minutos antes do exercício.

HMB: trata-se do HIDROXIMETIL BUTIRATO, um metabólito do aminoácido L-Leucina (do grupo BCAA) que funciona como um mensageiro para inibição da atividade das PROTESASES que atuam sobre as fibras musculares. Dessa forma ocorre diminuição da perda muscular e o uso desse suplemento encontra-se já bem documentado na suplementação esportiva, na caquexia cancerígena e também na sarcopenia. Vejam só esse excelente artigo bem recente sobre a relação do HMB com homeostase muscular:

Uso do HMB no idoso: de 1 a 1,5g após exercício.

Logo estaremos publicando a PARTE 3 deste artigo!

Saudações a todos e FELIZ ANO NOVO!

Celio Mendes.



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