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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

AVANÇO DA OSTEOPOROSE

Realmente é assustador o avanço dessa doença. Os números da National Osteoporosis Foundation dos EUA indicam 44 milhões de americanos com osteopenia ou osteroporose, com perspectivas de grande aumento para 2020.
A International Osteoporosis Foundation projeta 200 milhões agora em 2010, abrangendo os países filiados.
Ou seja, um imenso problema de saúde pública! Após décadas de tentativas frustradas de conter esse avanço, passando pela suplementação com cálcio + vitamina D, uso de hormônios como calcitonina, dos bifosfonatos (alendronato, etidronato e cia ltda) o panorama não se modificou: a osteoporose avança implacavelmente.

Óbvio que muita coisa já foi descoberta nesses tantos anos:
  • Sedentarismo predispõe uma enormidade --> exercício libera GH, IGF-1 e outros fatores que estimulam a síntese protéica da matriz óssea.
  • Menopausa agrava (mas não é a causa!) --> os estrogênios têm função estimulante sobre os osteoblastos.
  • Abuso de cafeína agrava --> aumenta a excreção de cálcio urinário.
  • Excesso de fosfatos e ácido fosfórico agrava --> fósforo compete com cálcio por absorção (refrigerantes, alimentos industrializados e enlatados podem conter)
  • Abuso de medicamentos diuréticos pode piorar --> aumenta excreção de cálcio.
  • Contaminação por alumínio piora --> a polêmica das panelas de alumínio. Há estudos que afirmam que ocorre migração de alumínio da panela para alimentos; e outros que dizem ser insignificante. O fato é que alumínio é um metal NÃO BIOLÓGICO e dotado de indiscutível toxicidade, embora bem menor do que mercúrio e chumbo, também do grupo dos metais tóxicos. O melhor mesmo é usar outro tipo de panela.
Mas, no fundo da questão, parece haver alguma coisa ainda não bem elucidada: os mecanismos de absorção e, principalmente, transporte do CÁLCIO no organismo.
Com relação à absorção, sabemos hoje que a VITAMINA D (na verdade um hormônio) tem papel fundamental para permitir a passagem do cálcio da luz intestinal para a circulação. A vitamina D estimula a liberação da proteína ligante de cálcio (calcium binding protein = CaBP) que formando um quelado de cálcio, atravessa a membrana dos enterócitos e disponibiliza cálcio na circulação. Aí começa a grande incógnita: como se dá o transporte do cálcio até a matriz óssea? Seria a mesma CaBP a proteína responsável pelo transporte do cálcio. Sim, porque na forma de íon esse transporte seria extremamente prejudicado, dado a reatividade do metal alcalino terroso com cargas elétricas negativas disponíveis numa infinidade de moléculas presente no sangue e no endotélio vascular.
Esse mecanismo de transporte do cálcio precisa ser melhor investigado, pois somente assim saberemos, de fato, porque ainda não acertamos na contenção da expansão dessa doença pelo mundo afora.
Excluindo essa questão, que acho da maior importância, é preciso levar em consideração o que Póvoa vem postulando há décadas, pelas mesmas décadas em que a farmacologia tentou solucionar em vão o problema. O eminente pesquisador brasileiro vem afirmando que o desequilíbrio nutricional do cálcio em relação ao seu primo MAGNÉSIO poderia ter, sim, uma grande importância. Parece que o magnésio tem papel importante na estabilização do cálcio na estrutura óssea, possivelmente por agir sobre a fosfatase alcalina, enzima que promove a dissolução dos complexos cálcio-proteína do osso (apatita, hidroxiapatita). O fato é que, inegavelmente, toda a suplementação nutricional proposta durante essas últimas décadas não levou em consideração a associação com MAGNÉSIO. Sempre é o CÁLCIO + VITAMINA D e, às vezes, L-LISINA, BORO e VITAMINA K.

Acho que seria da maior importância que pesquisas clínicas fossem realizadas com pacientes para quantificar os efeitos positivos de CÁLCIO + MAGNÉSIO sobre osteopenia e osteoporose. Existem vários artigos que incluem dentre as decorrências da HIPOMAGNESEMIA os distúrbios ósseos, além de hipertensão e distúrbios circulatórios.
De qualquer maneira, já há comprovação suficiente de que o MAGNÉSIO regula a atividade do PARATORMÔNIO (PTH), o gatilho da reabsorção óssea, o processo que dissolve osso e traz cálcio para a circulação.

Entretanto não podemos esquecer, de modo algum, que há registros confiáveis nos EUA sobre o déficit de cálcio na alimentação moderna (fast food), de até 25% em relação à RDA (1000 a 1500mg/dia). Ora, isso ensejaria a condição denominada BALANÇO NEGATIVO DO CÁLCIO pela primeira vez usada aqui no Brasil por Póvoa, no final dos anos 1980 e início de 1990. Na condição de menor ingestão do nutriente, certamente o sistema PTH é acionado imediatamente, em face da homeostase desse elemento (cálcio) no sangue ser vital (pulsação, contratilidade e manutenção da circulação sanguínea em todo o corpo humano).

Há publicações como "The Magnesium Factor", de Seelig & Rosanoff, que mostram a assustadora associação da má relação cálcio/magnésio com mortalidade cardiovascular. Nos países onde esta relação é de 4 partes de cálcio para apenas 1 de magnésio, a mortalidade atinge a sua plenitude. Ao contrário, nos locais onde os hábitos alimentares promovem relações próximas de 1:1 essa mortalidade é infinitamente menor.
É preciso ter muita atenção neste equilíbrio, principalmente considerando que as principais fontes de magnésio na alimentação não são carnes, cerais, leguminosas, mas sim as verduras, as quais parecem cada vez mais ausentes na alimentação.

ATENÇÃO À VITAMINA D: há algum tempo pesquisadores vêm questionando os níveis da RDA para esta vitamina (800ui/dia), considerada muito abaixo das reais necessidades. Acaba de ser publicado um artigo que fortalece essa convicção, onde o déficit de VITAMINA D foi diretamente associado com aumento da incidência de osteoporose em mulheres na menopausa. Vale pena acessar o link: http://www.scielo.br/pdf/abem/v54n2/20.pdf
Depois a gente continua essa conversa, que acho muito interessante e pertinente.

Abraços aos amigos.

Celio Mendes.

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