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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ÔMEGA 3 na PSIQUIATRIA

ÔMEGA 3 e POSSÍVEIS PAPÉIS EM PSIQUIATRIA

Um artigo publicado agora (clique na figura), em fevereiro de 2010, por Amminger & cols, retorna ao tema da suplementação dos ácidos graxos essenciais nos distúrbios psiquiátricos. Neste estudo é abordada a psicose (esquizofrenia), mas também há outros (recentes e antigos) avaliando o ômega 3 na depressão. Um dos primeiros autores a correlacionar o metabolismo do ácido araquidônico e o ômega 3 com depressão foi Adams PB, 1996 (4).


Conforme os links postados no final, vocês podem concluir que há vários anos que os cientistas estão tentando encontrar a ligação entre ômega 3 com distúrbios psiquiátricos (uma revisão interessante está no link nº 2). Alguns estudos não encontraram resultado algum, mas outros apontam os benefícios para os pacientes. Essas divergências podem ser devidas aos critérios de seleção dos pacientes, os tipos de drogas que vinham tomando, as doses usadas e a posologia (horário e condição gastrintestinal no momento da administração).
De qualquer modo, este estudo de fevereiro/2010 encontrou resultados anti-psicóticos para os suplementados com ômega 3 numa proporção jamais antes observada: 95% dos suplementados não apresentaram surtos psicóticos durante a suplementação, mas no grupo placebo 73% dos pacientes não surtaram, também. Ou seja, a diferença relativa foi cerca de 23% entre suplementados e placebo, considerando os limites de confiança estatística.
Na verdade, sabendo que as variáveis bioquímicas na esquizofrenia, assim como na depressão, são múltiplas, podemos supor que os pacientes que estão respondendo à suplementação com ômega 3 seriam aqueles que apresentam os distúrbios devido ao bloqueio na liberação do BDNF (brain derived neurotrophic factor). Este fator peptídico é responsável pela regeneração de axônios e dendritos nos neurônios cerebrais e sua inibição foi associada com deficiência de ômega 3 (tanto EPA como DHA) e esquizofrenia: veja o link nº 1.
Há, ainda, estudos associando o uso de ômega 3 com antipsicóticos e antidepressivos (ex: sertralina), mostrando que, no mínimo, associação aumenta a eficiência do tratamento (veja link nº 3). A discussão está em plena efervescência e isso é muito bom, pois somente assim serão esclarecidos os efeitos do ômega 3 nas psicoses e na depressão, bem como mecanismos de ação.
DOSES: o estudo de Amminger usou 1,2g/dia - dose um tanto não usual (estão disponíveis cápsulas de 500 ou 1000mg). A maior parte dos estudos anteriores utilizou 2g, às vezes 3g/dia. O estudo com sertralina (3), por exemplo, utilizou 2g/dia. A dose de 1,5g pode ser obtida através da ingestão de 3 cápsulas diárias de 500mg.
ADMINISTRAÇÃO: excepcionalmente, os ácidos graxos são melhor absorvidos após a refeição, quando estão disponíveis maiores teores dos ácidos biliares, que promovem sua absorção.

Acessem os links abaixo! Um grande abraço a todos, amigos e ex-alunos.
Celio Mendes.

  1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15041037?itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVDocSum&ordinalpos=7
  2. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18587166?itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVDocSum&ordinalpos=11
  3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19843899?ordinalpos=1&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.PubmedSingleItemSupl.Pubmed_Discovery_RA&linkpos=4
  4. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8729112?itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVDocSum&ordinalpos=304

2 comentários:

  1. Prezado Célio. Fui seu aluno na Veiga de Almeida e quero parabenizá-lo pela iniciativa deste blog, certamente um espaço para aprender e trocar informações. Um abraço.

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  2. Seja bem vindo! Estou à disposição para fornecer as informações que necessite. Aliá, saiu uma RN do CFM sobre ortomolecular que vou comentar breve, ok? Celio Mendes.

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